terça-feira, 25 de novembro de 2014

No embrulho dos atributos de Deus



É tanta a publicidade móvel sobre poderes divinos,
Oferecendo prodígios celestiais nada pequeninos,
Que já se dispensa o agir capaz de melhorar a vida,
Pois, pela via do pastor, Deus age bem na medida.

Cura magicamente qualquer doença do tipo que for,
E afugenta as mazelas dos ínfimos resquícios da dor,
Desde que pessoas se atrelem ao pastor presunçoso,
E ao lugar que ele estabelece para o agir miraculoso.

Na captação secreta do quanto Deus possa oferecer,
O mediador da suposta barganha se põe a enaltecer,
Seu próprio poder de cura de toda fraqueza humana,
E da possível potencia satânica que tanto desengana.

Não estaria o poderoso milagreiro do auto-engano,
Extrapolando com algo que é meramente profano,
Para sustentar a ação divina através da sua pessoa,
E submeter ao controle que em seu desejo ressoa?

No pressuposto do lugar da ação da força superior,
Fica Deus delimitado à condição banal e tão inferior,
Que nem lhe cabe o direito de ser Deus e fica refém,
Do que alguém imagina captar de exotérico do além.

Da linguagem do auto-engano extrapola-se o profano,
E o efeito sugestivo sobre algo tão genuíno e humano,
Ao ser atribuído como sendo ação de efeito do além,
Transforma tanto vivente em submisso e pobre refém.


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