Milenar parceira da humana condição,
Aprendeu da astúcia de seu mentor,
A elevar-se com poderosa expressão,
Para reinar mais do que seu fautor.
De necessário complemento da vida,
Passou a alargar-se sem mesura,
E a impor sobre a humana lida,
Nova ética, sem nenhuma lisura.
Embruteceu a humana condição,
E na mão de mentes ambiciosas,
Agiu solta e sem a menor restrição,
Para destroçar tantas vidas valiosas.
Submetendo à servidão vil,
Transforma seu criador,
E do seu horizonte varonil,
Desleixa o mundo sofredor.
Ao priorizar o controle dos bens,
Ignora o rico mundo dos valores,
E as lutas humanas ficam reféns,
Dos seus ambientes sofredores.
Na linguagem dos novos códigos de signos,
Deixa tateando em busca do sentido,
Os que, cada vez mais distantes e indignos,
Não alcançam o patamar de vida pretendido.
Ao destroçar as crenças religiosas,
E, casada com a deusa economia,
Prende-nos em redes ambiciosas,
Para substituir o pão de cada dia.
Faz-nos depender mais da tecnosfera,
Que da rica e humana ancestralidade,
E se sobrepõe aos valores da biosfera,
Ao oferecer novos hábitos à saciedade.
Ao deferir poder e liberdade,
Configura a humana cultura,
Distante da enaltecida bondade,
Para uma lida muito seca e dura.
No pretenso poder de dominação,
Acalantado ao excelso pináculo,
Descobre de tudo e em tudo a função,
Para promover um pobre espetáculo.
No entanto, a cruel e sorrateira realidade,
Que valoriza apenas o que é produzido,
Envolve em fria e causticante fatalidade,
Os incontáveis excluídos sem nenhum sentido.
O bombardeio de exaustivas informações,
Distante das humanas coisas valiosas,
Deixa seres humanos em tantos grotões,
À mercê dos gestos de pessoas caridosas.
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