sexta-feira, 21 de março de 2014

Pedagogia de fé que leva ao âmago da vida


           
A água, tão essencial à nossa existência e tão gratuitamente disponibilizada pela mãe Terra, possui a rica virtualidade do milagre, de forma geral não valorizado, que é o de manter e de renovar a vida.
O vasto sistema de vida do nosso planeta certamente não seria viável sem a água. Se a falta de água, na iminência da morte no meio de um deserto levou o antigo povo da Bíblia a murmurar, nossos dias mostram quanto o desejo de apropriação das vertentes e dos acessos à água boa e potável geram murmúrios, brigas e intrigas.
 Para os cristãos a água possui um importante sentido simbólico: expressa a ação do Espírito de Deus, capaz de renovar, de purificar e de remeter ao que é essencial na vida. E se a água verte límpida do meio da rocha, lembra, ainda mais, o desejo da solidez que se procura encontrar em Deus.
Com o batismo expressa-se, no sinal da unção de água sobre a cabeça, o desejo de que o batizando seja ungido pela ação de Deus a fim de paulatinamente renovar a vida e haurir o necessário perdão, diante da misteriosa fraqueza que induz a fazer o inverso do que, na verdade, deveria ser feito para sentir-se feliz.
De Cristo podemos lembrar uma cena fantástica, na beira de um poço de água. A rica simbologia do colóquio com a mulher samaritana mostra um claro caminho de educação da fé para o sentido da vida. Na aproximação dele, abre-se um espaço para um gradual processo de revisão da própria vida.
O ato de permitir que a mulher pudesse fazer, aos poucos, uma profunda revisão da sua existência, - a ponto de chegar ao âmbito mais profundo da consciência, - fez com que ela percebesse que não era auto-suficiente e tampouco capaz de redimir-se do seu passado por sua própria conta.
Assim que a samaritana reconheceu sua situação de pecado, constatou que o caminho de salvação passava pelo seu interlocutor, o pedagogo Jesus Cristo, pois, no seu modo de conduzir a conversa, permitiu que ela percebesse que a esperada ajuda de Deus passava impreterivelmente pela mediação daquele importante salvador: a expectativa da água de vida eterna também encontraria acesso no caminho redentor daquele pedagogo da fé.
Num tempo em que tão pouca gente ainda alimenta algum sentimento de pecado, pois, de banalizado e dispensado do cotidiano da vida, ele na verdade, flui solto pelos ares, porque pouquíssima gente ainda permite a si mesma o caminho da honesta revisão de vida. É imenso o temor a tudo quanto implica em mexer com o passado, com os fracassos, com as infidelidades e tantos atos que resultaram em experiências altamente desagradáveis e frustrantes.
Na incapacidade de lidar com o mundo interior gera-se proporcional empecilho para se chegar à consciência de que algo na vida pessoal e coletiva possa ser melhorado. Quando tantas pessoas se declaram livres e isentas de quaisquer situações de pecado, geralmente, se valem de uma couraça para esconder o passado e, evitam abordá-lo, porque pode surpreender com a consciência de fragilidades muito mais abarcantes e profundas do que os pequenos e discretos deslizes de aparências.



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