sábado, 3 de maio de 2025

O PELO DO GATO

 

 

Para além das disputas de precedência na apresentação dos felídeos com pelos vistosos, ajeitados e aprumados - para serem largamente apreciados, - os pelos de gatos devem ter um outro magnetismo no mundo dos desejos humanos.

Basta ver como mãos delgadas conseguem ser suaves para os afagos e insistentes nas movimentações dos ritos cadenciados e ritmados de esfregar o couro peludo dos gatos. Certamente decorre de outro arquétipo humano, muito antigo, do tempo em que os humanóides eram peludos.

A saudade de contatos macios, erógenos e intimistas para estimular insinuações de interesses, levam os humanos a sentirem uma melancólica inferioridade em relação aos gatos.

Pelos de felídeos, de fato, possuem um poder hipnótico, sobretudo, nos tempos atuais, porque atingem o âmago do gosto humano por deslizar. E ninguém quer deslizar sobre algo que seja áspero ou que algo deslize sob rangidos de mau contato. O que mais encanta os humanos é tudo quanto implica em lisura, maciez e suavidade. São as palavras mágicas que não faltam nas publicidades de qualquer produto a ser adquirido.

Tudo precisa ser suave, macio e distante de provocar chiados, atritos ou enroscamentos, ante os sonhos despertados pela leveza do gato. Seu andar gracioso, e, naquela pelugem colorida, mimosa e cheirosa, ele desperta e toca o anelo do anseio mais recôndito dos seres humanos pelo ato de deslizar, e, se algo não agrada, esvair-se na leveza de gato, para outros ambientes, mais aconchegantes e lisos.

Basta reparar que ninguém vai fazer publicidade de algum produto bom, que seja áspero e causticante. O aço deve ser liso, a tela do celular deve ser macia e deslizante, o carro, o assento, o colchão, enfim, tudo deve ser macio, a roupa deve ser lisa e maleável ao corpo. A pele requer incontáveis cremes para se tornar lisa e macia. Propaganda de um carro, implica em mulher, com pouca roupa para destacar um corpo macio, com mãos carinhosas deslizando de forma graciosa e fofa no capô do veículo.

Assim, pensar que uma mulher queira comprar esfregão de aço, bom-bril, sabão com muita areia, isto, talvez ainda possa servir a mecânicos de carros antigos e todo engraxados, mas, até estes já se valem de luvas para evitar mãos ásperas.

Possuidores de poucos pelos, os humanos devem estar vendo, nos pelos de gato, o que preenche o anseio de muitos, longos e amaciados pelos em todo espaço do couro humano. Evitaria tanto transtorno de vestes desconfortáveis e constantes trocas de roupa para lavagem.

O pelo do gato preenche o imaginário coletivo da limitação deste recurso natural.

 

 

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