Para além das disputas de precedência
na apresentação dos felídeos com pelos vistosos, ajeitados e aprumados - para
serem largamente apreciados, - os pelos de gatos devem ter um outro magnetismo
no mundo dos desejos humanos.
Basta ver como mãos delgadas
conseguem ser suaves para os afagos e insistentes nas movimentações dos ritos
cadenciados e ritmados de esfregar o couro peludo dos gatos. Certamente decorre
de outro arquétipo humano, muito antigo, do tempo em que os humanóides eram
peludos.
A saudade de contatos macios,
erógenos e intimistas para estimular insinuações de interesses, levam os
humanos a sentirem uma melancólica inferioridade em relação aos gatos.
Pelos de felídeos, de fato, possuem
um poder hipnótico, sobretudo, nos tempos atuais, porque atingem o âmago do
gosto humano por deslizar. E ninguém quer deslizar sobre algo que seja áspero
ou que algo deslize sob rangidos de mau contato. O que mais encanta os humanos
é tudo quanto implica em lisura, maciez e suavidade. São as palavras mágicas
que não faltam nas publicidades de qualquer produto a ser adquirido.
Tudo precisa ser suave, macio e
distante de provocar chiados, atritos ou enroscamentos, ante os sonhos
despertados pela leveza do gato. Seu andar gracioso, e, naquela pelugem
colorida, mimosa e cheirosa, ele desperta e toca o anelo do anseio mais
recôndito dos seres humanos pelo ato de deslizar, e, se algo não agrada,
esvair-se na leveza de gato, para outros ambientes, mais aconchegantes e lisos.
Basta reparar que ninguém vai fazer
publicidade de algum produto bom, que seja áspero e causticante. O aço deve ser
liso, a tela do celular deve ser macia e deslizante, o carro, o assento, o
colchão, enfim, tudo deve ser macio, a roupa deve ser lisa e maleável ao corpo.
A pele requer incontáveis cremes para se tornar lisa e macia. Propaganda de um
carro, implica em mulher, com pouca roupa para destacar um corpo macio, com
mãos carinhosas deslizando de forma graciosa e fofa no capô do veículo.
Assim, pensar que uma mulher queira
comprar esfregão de aço, bom-bril, sabão com muita areia, isto, talvez ainda
possa servir a mecânicos de carros antigos e todo engraxados, mas, até estes já
se valem de luvas para evitar mãos ásperas.
Possuidores de poucos pelos, os
humanos devem estar vendo, nos pelos de gato, o que preenche o anseio de
muitos, longos e amaciados pelos em todo espaço do couro humano. Evitaria tanto
transtorno de vestes desconfortáveis e constantes trocas de roupa para lavagem.
O pelo do gato preenche o imaginário
coletivo da limitação deste recurso natural.
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