terça-feira, 13 de maio de 2025

GATOSE 14 - GATOSE COM NOMOFOBIA

 

        Talvez a Organização Mundial da Saúde ainda não tenha promulgada esta nova doença social chamada de Nomofobia, mas, certamente, em breve será uma das doenças de larga proliferação.

Trata-se de uma doença recente, advinda de uma outra simbiose simultânea à da Gatose, em processo de comensalidade entre seres humanos com aparelhos celulares. Já virou síndrome de dependência humana e o excessivo manuseio do celular com as mãos e a necessidade de estar ligado com outros, ainda que na forma fria da virtualidade, produz um receio ansioso de que se possa ficar sem comunicação.

Imaginar que se possa passar mal ou ficar num apuro sem poder pedir socorro já aciona a sintomatologia desta neurose inquietante em torno do celular.

            Os sintomas parecem apresentar-se mais agudos em pessoas que já tiveram antecedentes de excessivas horas passadas em jogo de videogame, de jogos digitais e de outras ocupações no computador.

            No distúrbio da Nomofobia a possibilidade de alguém presumir que vai ficar desconectado, já aumenta tristeza, ansiedade e estresse. Tais manifestações podem favorecer as somatizações como taquicardia, sudorese, impaciência e crises de pânico. Muita gente, caso viesse a ser informada de que terá que ficar uma hora sem celular, já entraria, imediatamente, em pânico, porque nem sequer suporta ficar três minutos sem ligar e desligar o celular.

            Ligar e desligar o celular já virou o primeiro sinal doentio, porque o normal movimento de ver algo no celular, se tornou expressão da incapacidade de conversar. Sem assunto, puxa-se o celular como se algo importante estivesse sendo comunicado. No entanto, é disfarce da dificuldade de inteirar-se com pessoas. O olhar precípuo sobre o celular desloca a capacidade da escuta interior e da grandeza da vida que se transluz no rosto. Sem esta referência, o humano nomofóbico cria muitos problemas de relacionamento. Xinga, destrata, ofende, humilha e ameaça nas mensagens jogadas nas redes virtuais, mas, não é capaz de expressar uma vírgula numa conversa com outras pessoas e familiares.

            Nomofobia é doença essencialmente relacionada à incapacidade de relacionamentos humanos normais. Dali decorre a inquietude, a irritabilidade e a impaciência para qualquer tipo de diálogo. Trata-se, em suma, de um transtorno mental que afeta muitas funções da mente.

            O que teria a Nomofobia a ver com a doença da Gatose? As evidências são perceptíveis: já que pessoas apaixonadas por gatos também apresentam dificuldades de interações humanas, esta limitação se compensa com o equipamento eletrônico como melhor companhia e passa-tempo. Dali vai resultar a novidade da ocupação braçal: nada de operações braçais rotineiras, mas destreza para manusear o aparelhinho que complementa a vida e ocupar a outra mão para fazer os devidos e esperados afagos nos gatos. Poder-se-á interagir perfeitamente com alguém e extravasar o himeneu do amor pelo suave e macio esfregamento das mãos no gato. Sem demora, os humanos, -  ainda um pouco normais, -  passarão a sentir inveja dos nomofóbicos afetados pela Gatose, pois, já não importará e beleza feminina, nem a elegância masculina, nem o elã das ativações para complementariedade, nem perfumes, nem as bricolagens de enfeites, nem estas brigas de gênero e nem sorrisos encantadores para provocar jogos lúdicos e festivos.

O humano da Gatose carecerá apenas de um celular e de um gato.


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