Na capacidade de denotar afeição a
seres humanos, os gatos despertam encantamento, porque sua afabilidade e seu
jeito carinhoso constituem o que os corações humanos carentes mais esperam:
sinais de afabilidade e de ternura, na interação.
Nesta simbiose que gatos conseguem
estabelecer com os humanos, - na característica que lhes é peculiar, - exercem
um poder que fascina os humanoides, mas, também os seduz e os explora através
do desfrute por dependência. Trata-se de um modo de interação, em que, ao se
tornarem totalmente dependentes dos humanos, os gatos roubam os afetos que uma
vez eram peculiares e precípuos entre seres humanos, sobretudo, de casais entre
si e seus filhos.
Nesta sedução de se tornarem o alvo
central dos afetos humanos, os gatos despertam o fenômeno da paixão exclusiva
dos humanoides pela sua meiguice.
Como a meiguice felídea mexe com
corações humanos, carentes, feridos e desencontrados, prende também toda
atenção do seu entorno humano; e, os gatos, sabem valer-se deste poder sedutor
para criar uma dependência de desfrute, que os leva a perder seus traços
instintivos, mas, em compensação, lhes assegura carinho, cama, comida, amparo e
conforto, uma vantagens invejáveis a qualquer outro ser vivo neste planeta que
precisa lutar e correr riscos para sobreviver. Nem os papagaios, com suas
encantadoras plumagens e suas falas humanas, aprendidas por repetição,
conseguem tanta intimidade quanto os gatos.
Se a meiguice felídea assegura uma
vida altamente burguesa aos gatos, ela, no entanto, gera um deslocamento de
sintoma nos seres humanos. Estes, compensam nos gatos a meiguice raramente
encontrada entre similares humanos, e deslocam o foco da pouca afetividade que
ainda lhes resta, aos gatos. Ademais, como os felídeos esnobam meiguice, eles
cooptam e prendem os corações humanos, a tal ponto, que estes vivem mais para
os gatos do que corações felídeos vivem para os seres humanos.
Seriam os felídeos já coabitantes com
pessoas humanas carentes, ainda capazes de aceitar menos correspondência
afetiva por parte dos humanos, a fim de que estes possam voltar a manifestar
mais meiguice entre si?
As suspeitas, são as de que, como já
se trata de um desfrute por dependência, os felídeos já roubaram esta
peculiaridade humana, pois, a canalizam e a absorvem precipuamente para a sua
própria vantagem.
Como poderia ser imaginado o futuro
desta interação, - tão mórbida e doentinha, -
da simbiose humanoide-felídea?
Tudo leva a crer que, pelo lado
humanoide, a perda da capacidade dos seres adultos, de se emocionarem intensa e
profundamente com novas criaturas humanas, vai degenerar a condição humana.
Como o ato de “emocionar-se” com crianças que nascem, condição primeira e
fundamental para a sua sobrevivência, a perda desta primeira condição vital vai
causar muitas mortes e anomalias de conduta humana.
Se a nomobobia (distúrbio mental
crônico de dependência a celular) já diminui a atenção de adultos para as
crianças, a meiguice felídea vai acabar absorvendo o resto que sobraria para
ser manifestado a nascituros humanos. Ademais, como os gatos se preenchem com o
afeto humano, também vão perder a capacidade de procriar e conviver,
emocionalmente bem relacionados com seus gatinhos.
Pode-se, pois, antever que gatos
mimados ocupem o colo das mães, e bebezinhos carentes de afeto sejam amparados
por cachorras ou alguma outra fêmea de sentimentos maternais. Talvez retorne a
antiga condição da mitologia romana, de Rômulo e Rêmulo, criados por uma loba.
Nenhum comentário:
Postar um comentário