quinta-feira, 30 de março de 2017

Força do mercado


O apanágio do inveterado consumo,
Alinha a todos sob o mesmo aprumo,
De fazerem do seu corpo um objeto,
De exposição e venda nada discreto.

A consciência de existir neste mundo,
Depende de um amplo pano de fundo,
De que é muito necessário mostrar-se,
Para com as outras pessoas inteirar-se.

É básico registrar e mostrar cada fato,
Desde mudança de penteado a relato,
A fim de que os outros nos percebam,
E através de algum sinal nos recebam.

O corpo feito em objeto de percepção,
Para que outros sinalizem aproximação,
Obriga-nos a vender imagem simpática,
Mesmo que a vida se apresente apática.

Na superficialidade da pobreza pessoal,
Subjaz a fraqueza da coletividade social,
Inepta para saciar as agruras individuais,
Pois, força os solitários a disputas banais.

Quando a apatia política já não integra,
Mas se ferra no interesse da sua regra,
O indivíduo não sente amparo coletivo,
E precisa vender-se para ato interativo.


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