quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O macaquinho Fifo


(Para crianças)



I
UMA VISITA INESPERADA

O estado do Mato Grosso, apesar de todos os avanços de lavouras e criações de bois, de vacas, de frangos, ainda apresenta grandes quantidades de áreas com matas nativas e muitos rios bonitos e com grande quantidade de peixes.
Lucas do Rio Verde é um município muito privilegiado, onde, ao lado das indústrias e da grande produção nas lavouras, ainda se podem ver lindas matas e ali sobrevivem muitos animais selvagens. No centro da cidade existe uma área de 70 hectares de mata nativa, onde vivem macacos prego e muitos outros bichos.
Um bairro novo da cidade recebeu o nome de Parque das Emas. Mesmo que este bairro seja belamente urbanizado, perambulam, de vez em quando, bandos de Emas que caminham calmamente pelas ruas, como se fossem pessoas a olhar para as casas e as flores dos jardins.
 Também é muito agradável observar-se o vôo de bandos de araras, de papagaios, de garças, de tesourinhas e de outras espécies de pássaros. Podem ouvir-se, também todos os dias, os cantos dos perdigões que se escondem sob o capim dos terrenos baldios. Eles despertam a agradável sensação da vida dos sítios rurais.
Pedro Júnior, quando foi morar no Parque das Emas, teve logo a preocupação de encher seu terreno com o máximo de variedades de plantas ornamentais e frutíferas, a fim de atrair muitos passarinhos. O que não esperava foi constatar, no amanhecer de um belo dia, que dois macaquinhos sagüis estavam saltitando na varanda da sua casa. Mesmo que os bichinhos não entendessem sua conversa, Pedro falou imediatamente:
- Podem ficar morando aqui que vou ajudar a protegê-los do melhor modo possível! Olhou-os com atenção e Pedro pensou que eles deviam ter entendido sua mensagem de boas vindas.
Mesmo desconfiando que os belos animaizinhos fossem permanecer ali, apenas por algumas horas, Pedro foi se surpreendendo com a constatação de que eles demonstravam gostar do lugar e começaram a familiarizar-se cada dia mais com o ambiente. Saltitavam de um galho de arbusto para outro, o dia todo.

II

UMA INQUIETAÇÃO

 Restava uma inquietação em Pedro: teriam estes sagüis alimento suficiente para sobreviver neste pequeno espaço, que, apesar de conter mais de cento e vinte variedades de plantas, ficava muito mais pobre em alimentos do que uma floresta com sua grande capacidade de fornecer alimentação saudável para estes minúsculos macaquinhos?
Pedro pensou em colaborar um pouco e ajudar a completar sua alimentação. Ao mesmo tempo ficou preocupado, porque não queria que eles perdessem seus bons costumes de vida do mato. Seria triste fazê-los dependentes como gatos e cachorros. Pedro não queria de maneira alguma domesticá-los. Pensou logo que banana costuma ser o alimento predileto de macacos, mas, para não viciá-los, pensou começar deixando uma maçã sobre a haste de um arbusto.
Rapidamente os macaquinhos se aproximaram da bela maçã, mas, não fizeram como Adão e Eva. Eles simplesmente não se arriscaram a dar uma mordida nesta fruta avermelhada e bonita. Pedro, então, desconfiou que a fruta fosse muito grande e difícil de ser mordida por bocas tão pequenas. Resolveu fatiá-la, mas, a maçã foi comida por passarinhos e outros minúsculos seres que também habitavam o jardim.
Pedro tentou oferecer aos belos macaquinhos algumas outras frutas como manga, melão, laranja, mas observou que os animaizinhos não lhe deram o gosto de provar qualquer uma destas variedades de alimento.




III

CURIOSIDADE SOBRE A ALIMENTAÇÃO DOS SAGÜIS

Pedro Júnior foi, então, ler o que estava escrito no site do Google sobre a vida dos macaquinhos sagüis. Lá aparecia que os sagüis se alimentam somente de pequenos insetos e da seiva de plantas, sem, contudo, estragar as plantas e tirar delas toda a seiva.
 Eles não sugam muita seiva de um arbusto. Roem um pequeno furo na casca para que ali se deposite a resina. Esta resina vai servir-lhes de alimento. Assim, eles fazem pequenos furos em muitas árvores e arbustos para não prejudicar a vida destas plantas com a seiva que tiram delas, isto é, só comem um pouquinho de seiva por vez e depois vão para outras plantas e fazem o mesmo.
O interessante é que a natureza da árvore rapidamente fecha a pequena cavidade roída, e faz crescer um preenchimento de casca, assim como em nosso corpo quando nos cortamos um pouco na pele: esta machucadura sara rapidamente e muitas vezes sem nenhum remédio.
Um alívio! Os sagüis poderiam perfeitamente sobreviver naquele espaço. Os dias foram passando e a dupla de sagüis ficava mais à vontade no ambiente. Parecia que os dois apreciavam a proximidade de Pedro, porque, quando ele se sentava na sombra para tomar um tererê, gostavam de aproximar-se dele.
 Pedro, mesmo assim, não lhes deu grande confiança porque não queria que os macaquinhos perdessem seus hábitos de vida, isto é, não queria que ficassem mansos como os gatos, mas, que os bichinhos continuassem a viver do jeito como seus antepassados sobreviveram nos matos, sem serem atrapalhados pelas pessoas humanas.

IV
UMA NOVA SURPRESA

Os dias foram se passando e num belo dia, uma surpresa: um minúsculo macaquinho de apenas alguns centímetros, agarrado no pescoço da sua mãe sagüi, com um olhar arregalado e fixo. Alguns dias depois, estava aquela criaturinha de nada agarrada nas costas do seu pai.
Pedro foi então mais uma vez consultar no site do Google a respeito de como os sagüis alimentavam seus filhotes. Encontrou a bela informação de que os machos ajudam as fêmeas a cuidar do filhote para permitir que a mãe dele se alimente melhor e possa amamentar adequadamente seu filhote.
 Mais uma novidade: este minúsculo animal poderia também sobreviver neste espaço do Parque das Emas.
Passadas algumas semanas de muitos e atenciosos olhares para ver o que se passava na vida dos três sagüis, Pedro pensou em dar um nome ao filhote de sagüi. Seus pais sagüis não tinham nome, mas, esta pequena criatura, poderia receber um nome simpático.


V
O BATISMO DO PEQUENO SAGÜI

 Sem cerimônias batismais e sem unções de óleo e água, Pedro começou a repetir, seguidamente, a palavra Fifo, toda vez que os sagüis andassem próximos dele.
 Aos poucos, o danadinho parecia reagir com atenção cada vez que se falasse Fifo. O procedimento foi aumentando e quando Fifo começou a saltitar de um galho para outro a simples fala do seu nome o despertava para chegar mais perto e fazer mil gracinhas e meneios com a cabeçinha parecida com um grão de feijão de tão pequena que era.
 Sem a natural distância mantida pelos seus pais, Fifo poderia ter sido desviado dos costumes e dos hábitos básicos dos macaquinhos sagüis, mas, Pedro sempre se preocupou para nunca pegá-lo nas mãos, apesar de que o pequeno brincalhão gostasse de mexer nos seus chinelos e aproximar-se do lugar onde ficava sentado para tomar o tererê.
 Sem demora, toda vez que Pedro ia sentar-se para seu costumeiro momento de tererê, rapidamente estava lá, ao seu lado, o Fifo, fazendo gracinhas como uma criança pequena e parecendo ter necessidade de chamar atenção sobre si. Era impressionante como pulava, se escondia, subia e descia numa velocidade supersônica nos arbustos e saltava longe de um galho para outro. Parecia uma criança hiperativa que desejava de todo jeito ser observada.




VI
UMA SURPRESA DESAGRADÁVEL

Tudo parecia desenrolar-se maravilhosamente bem na vida dos sagüis. Um dia, porém, Pedro teve uma surpresa muito desagradável. De manhã cedo, ao abrir a porta da casa, constatou que a mãe de Fifo estava morta, estirada no chão da varanda.
Um sentimento de tristeza foi entrando em sua vida e Pedro logo pensou no pior. Só pode que a mãe de Fifo morreu por efeito de febre amarela. Ela deve ter sido picada por algum mosquito infestado, e isto, certamente, significaria também a morte do Fifo e de seu pai. Como Fifo ainda era tão pequeninho, iria morrer com certeza.
Ao mesmo tempo em que o triste fato estava levando Pedro a pensar no pior, um pouco de esperança voltou a aumentar a respeito de Fifo. Pedro levou o corpo da mãe de Fifo ao centro de vigilância sanitária para que ali fizessem uma análise sobre possíveis causas da morte. Foi constatado que a mãe de Fifo não morreu de febre amarela. Bem, um perigo a menos. Mesmo assim veio outra desconfiança na cabeça de Pedro: e se o pai não fosse cuidar do Fifo?
A desconfiança de Pedro era a de que o pai de Fifo fosse embora à procura de outra parceira. No entanto, não foi isso que aconteceu. Por muitas semanas o pai de Fifo mostrava-se afetuoso com Fifo, mas, ao mesmo tempo, despertava verdadeira tristeza, porque subia no galho mais alto do pé de Tamarindo que se destacava sobre os demais arbustos, e emitia, durante horas, um triste assobio. Fifo ficava do lado e não brincava mais como antes.
Pedro, sentindo o desconforto daqueles tristes sons soltados aos altos céus, imaginava que a qualquer belo dia os sagüis não estariam mais ali, ou porque teriam sumido à procura de outros sagüis, ou porque teriam morrido de desgosto.

VII
UM ACONTECIMENTO INESPERADO

A história, porém, apresentou um final inesperado, parecido com alguns casos de pais quando um deles morre e a mãe ou o pai encontram um pai ou uma mãe adotiva para suas crianças pequenas: provavelmente os estridentes assobios foram um jeito do pai de Fifo se comunicar com outros sagüis que, por acaso, poderiam passar ali por perto.
Um dia, uma misteriosa surpresa: ao chegar à varanda da casa, depois de levantar de um bom sono, Pedro viu algo que o deixou pulando de alegria, porque estava vendo três sagüis. Deu-se conta de que não estava sonhando, e, então, foi fazer seu costumeiro tererê com especial motivação de alegria.
Sem saber sobre como e de que formas as coisas aconteceram no mundo dos sagüis, estava ali outra fêmea, grande, linda e robusta. Mesmo um pouco mais distante e desconfiada do que Fifo e seu pai, acostumados a ficar próximos de Pedro, ela, entretanto, se mostrava bem mais forte que Fifo e seu pai, porque estes, devido às longas horas que passavam no topo do pé de Tamarindo, acabaram ficando bem magros.

VIII
A RECUPERAÇÃO DA ALEGRIA

 Mais do que a alegria de ver uma parceira para o pai sagüi, foi constatar que Fifo recuperou de novo toda a alegre e encantadora energia que possuía antes. A madrasta sagüi assumiu Fifo com um jeito muito bonito, igual ao de muitas mães: foi passando suas finas e alongadas mãos carinhosamente por todo o corpo e puxando os pelos de Fifo de um lado para outro para catar algum piolho ou outro bichinho ali escondido.
 Com o passar de mais alguns dias, Fifo começou a crescer e assim foi se tornando mais forte e brincalhão. Fifo também voltou a ser mais esperto com suas traquinagens para ocupar cem por cento da atenção de Pedro nas horas do tererê.
Passados mais alguns meses, nova surpresa na varanda da casa. Pedro pode constatar que a bela madrasta de Fifo, teve a sorte de poder mostrar uma dupla de pequenos macaquinhos agarrados no pescoço.  Eram tão pequeninhos que quase não podiam ser vistos e se confundiam com a pele da mãe sagüi. Dali para frentes assobios destes minúsculos seres tornaram-se mais uma nova atração no meio dos arbustos da casa de Pedro. Como nas novelas, tudo acabou num final feliz. Até o Fifo ficou ainda mais brincalhão.




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