quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Nova ética da estética



Distantes ficaram os fulgores da ética,
Advindos de humanos pendores cultivados;
Foram substituídos pela estética,
Que reina mais forte que os malvados.

Mais fácil do que cultivar humanos valores,
Apraz ao inconsciente coletivo entregar-se,
Ao consumo desenfreado, e, nele inebriar-se,
Distante dos divinos pressupostos superiores.

Mais do que gestos de elevação moral,
Fascina a domesticação de algo tão natural:
O estar juntos, com muitas tatuagens,
Grafites, "piercings" e outras bricolagens.

Longe da histórica idolatria da razão,
E avessa à utopia do ilimitado progresso,
Dança solta e em larga profusão,
A estética do corpo, como sucesso.

Imunes às análises dos centros do poder,
Eclodem da estética os referenciais a serem imitados,
E, distantes da oficialidade do saber,
Geram tribos urbanas, por todos os lados.

 Mais do que as luzes do pensamento,
Imperam, nas tribos, os referenciais da beleza,
Com força de convencer que a humana grandeza,
Sem Razão, gera muito mais contentamento.

Nos inebriados pelo gozo estético,
Já não importa o que vem do cérebro racional,
Mas o que mexe com o estômago nada ético,
E que induz a ser fã de algo sensacional.

Mórbida, ou altamente sadia,
Importa a aparência em dia,
Para despertar, nos outros, o agrado,
De um corpo inteiro e sarado.

Nos provisórios vínculos das relações,
Impera o fruir das diletantes emoções,
E duram enquanto as sensações frugais,

Sustentam motivações meramente tribais.

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