terça-feira, 5 de novembro de 2013

A mulher com a doença do sexo



            Numa visita à casa de Pedro Nantes, o assunto da conversa, desde a acolhida, estava estranho ao modo convencional.
            Na chegada, depois da calorosa recepção, parecia que algo de inquietante estava no ar. Pedro e sua esposa Maria se cruzavam os olhares a todo instante, enquanto se desenvolveram os prelúdios da conversa mais informal. Ela parecia apresentar maior volume de líquido lacrimejante nos olhos do que de costume. De repente falou: Paulo, nós apenas estávamos falando de um problema que aconteceu com nosso filho Marcos.
- Aé! Com o Marcos? – indagou Paulo. Sim, disse ela, ele está nos causando um duplo constrangimento e nos deixa muito aborrecidos: um, porque largou a esposa e os filhos, quando achávamos que eles viviam muito bem e muito felizes; outro, porque foi se juntar com a mulher chamada Marciana. Você conhece a Belarmina, lá da Fazenda! Pois é, a Marciana é irmã dela. O pior mesmo é saber que Marcos se juntou com a Marciana, logo esta mulher doida da vida e, - o que todo mundo sabe, - ela está com a doença do sexo.
- Uai! Ela é aidética, perguntou Paulo.
- Não, ela tem a doença do sexo!
- Ah, respondeu Paulo, ao perceber que tinha errado o alvo interpretativo, está com alguma doença venérea?!
 - Não Paulo! Respondeu Maria, com o rosto ruborizado. É que ela não se sacia sexualmente! Mata qualquer homem no cansaço.
- Iche! Exclamou ele, já entendi!
            Maria prosseguiu no assunto. A Belarmina é uma mulher muito direita, e nunca se ouviu falar nada dela. É muito querida e agradável nas conversas, mas esta Marciana, para você ter uma idéia, já teve mais de dez maridos. E ela termina com eles, em muito pouco tempo. Ela não dá sossego para homem e quer fazer sexo vinte e quatro horas por dia. Como pode que o nosso filho tenha entrado numa fria dessas! Não dá para entender. Nós mesmos nos perguntamos, onde que erramos na educação?
            Pedro, que se manteve calado, mas, tenso e mais nervoso que de costume, entrou na conversa de Maria. A gente se pergunta como um homem, com filhos já adultos, abandona a família e cai nas garras de uma onça dessas. Maria logo interceptou a conversa de Pedro e prosseguiu:
            - Se ela já fez sair mais de dez homens como cachorrinhos magros, o que dá para esperar do Marcos? Além de terminar com sua natureza de homem, ela ainda vai passar mão no dinheiro dele. Ah! Isto é muito cruel.
            O que poderia Paulo responder ou explicar? Debandou para o desvio do assunto através de algumas possíveis conseqüências do estranho sinistro. De forma um pouco xistosa, passou a ironizar a desgraça alheia. Falou, então: Já pensaram se esta doença é contagiosa? Até que descobrem uma vacina, estas “mulheres do sexo” poderão acabar com todo este mundo de machões, de puladores de cerca e dos traidores de suas esposas.
 O pior mesmo vai ser cruzar com eles na rua e, vendo-os caminhar como cachorros vira-latas, de rabo encolhido, o que a gente vai perguntar? Oh! Marcão: a dona Marciana te exauriu mesmo a virilidade? Ela escafedeu tua natureza de homem?
 Não, se falar assim, vai bater na hora! Por outro lado, e se esta doença acalmar mesmo os homens metidos a valentes, já pensaram o que estas mulheres com a doença do sexo não vão aprontar?
 Pelas barbas de Morfeu, que potencial de uma guerra de gênero!




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