Numa visita à casa de Pedro Nantes,
o assunto da conversa, desde a acolhida, estava estranho ao modo convencional.
Na chegada, depois da calorosa
recepção, parecia que algo de inquietante estava no ar. Pedro e sua esposa Maria
se cruzavam os olhares a todo instante, enquanto se desenvolveram os prelúdios
da conversa mais informal. Ela parecia apresentar maior volume de líquido
lacrimejante nos olhos do que de costume. De repente falou: Paulo, nós apenas
estávamos falando de um problema que aconteceu com nosso filho Marcos.
- Aé! Com o
Marcos? – indagou Paulo. Sim, disse ela, ele está nos causando um duplo
constrangimento e nos deixa muito aborrecidos: um, porque largou a esposa e os
filhos, quando achávamos que eles viviam muito bem e muito felizes; outro,
porque foi se juntar com a mulher chamada Marciana. Você conhece a Belarmina,
lá da Fazenda! Pois é, a Marciana é irmã dela. O pior mesmo é saber que Marcos
se juntou com a Marciana, logo esta mulher doida da vida e, - o que todo mundo
sabe, - ela está com a doença do sexo.
- Uai! Ela é
aidética, perguntou Paulo.
- Não, ela tem a
doença do sexo!
- Ah, respondeu
Paulo, ao perceber que tinha errado o alvo interpretativo, está com alguma
doença venérea?!
- Não Paulo! Respondeu Maria, com o rosto
ruborizado. É que ela não se sacia sexualmente! Mata qualquer homem no cansaço.
- Iche! Exclamou
ele, já entendi!
Maria prosseguiu no assunto. A
Belarmina é uma mulher muito direita, e nunca se ouviu falar nada dela. É muito
querida e agradável nas conversas, mas esta Marciana, para você ter uma idéia,
já teve mais de dez maridos. E ela termina com eles, em muito pouco tempo. Ela
não dá sossego para homem e quer fazer sexo vinte e quatro horas por dia. Como
pode que o nosso filho tenha entrado numa fria dessas! Não dá para entender.
Nós mesmos nos perguntamos, onde que erramos na educação?
Pedro, que se manteve calado, mas,
tenso e mais nervoso que de costume, entrou na conversa de Maria. A gente se
pergunta como um homem, com filhos já adultos, abandona a família e cai nas
garras de uma onça dessas. Maria logo interceptou a conversa de Pedro e
prosseguiu:
- Se ela já fez sair mais de dez
homens como cachorrinhos magros, o que dá para esperar do Marcos? Além de
terminar com sua natureza de homem, ela ainda vai passar mão no dinheiro dele.
Ah! Isto é muito cruel.
O que poderia Paulo responder ou
explicar? Debandou para o desvio do assunto através de algumas possíveis
conseqüências do estranho sinistro. De forma um pouco xistosa, passou a
ironizar a desgraça alheia. Falou, então: Já pensaram se esta doença é
contagiosa? Até que descobrem uma vacina, estas “mulheres do sexo” poderão
acabar com todo este mundo de machões, de puladores de cerca e dos traidores de
suas esposas.
O pior mesmo vai ser cruzar com
eles na rua e, vendo-os caminhar como cachorros vira-latas, de rabo encolhido,
o que a gente vai perguntar? Oh! Marcão: a dona Marciana te exauriu mesmo a
virilidade? Ela escafedeu tua natureza de homem?
Não, se falar assim, vai bater na
hora! Por outro lado, e se esta doença acalmar mesmo os homens metidos a
valentes, já pensaram o que estas mulheres com a doença do sexo não vão
aprontar?
Pelas barbas de Morfeu, que
potencial de uma guerra de gênero!
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