quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A oração da "Ave Maria"



            Seguem alguns dados curiosos extraídos de um estudo feito por Clodovis Boff[1].
·        A oração da “Ave Maria” apresenta três partes:
a) Lc 1,28: “Ave Cheia de graça, o senhor é contigo”;
b) Lc 1,42: “bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre”;
c) Acréscimo posterior da Igreja: “Santa Maria”.

·        A fórmula atual foi articulada entre o século VI e XVI (tempo de mil anos);
·        É semelhante a uma nascente que se transformou em pequeno córrego, depois em rio, e, depois em grande e caudaloso manancial;
·        A partir do ano de 750, surgiram comentários homiléticos nas liturgias e destacavam efeitos da grande repetição do número de “Ave Marias”. Entrou, então, na piedade popular, e, a expressão passou a aparecer em sinos, vasos, móveis e candelabros.
·        Em torno do ano 1000: Na Alemanha havia o costume de repetir 60 vezes a primeira parte da Ave Maria; em 1140: 150 vezes, equivalendo aos 150 salmos.
·        Aos poucos surgiram também formas penitenciais da devoção mariana; em 1310, Ida de Lovaina fez 1100 genuflexões... Em 1800 recitava-se 100 vezes por dia a “Ave Maria” e com 100 genuflexões.
·        A partir de 1200 encontros de bispos passaram a prescrever a reza da Ave Maria ao lado do Pai Nosso e do Credo.
·        Em 1261 o papa Urbano IV acrescentou a palavra “Jesus” ao “bendito fruto”...
·        A segunda parte da Ave Maria teve muitas fórmulas:
- Século XIII: “Santa Maria, rogai por nós”.
- Século XIV: “Rogai por nós os pecadores”
- Em 1350: Acrescentou-se “agora e na hora de nossa morte”.
- Em 1568: Foi prescrita a oração silenciosa do Pai Nosso e da Ave Maria antes das horas canônicas.
- A Ave Maria também foi associada ao Ângelus, três vezes ao dia, três “Ave Marias”.
- Com o tempo introduziu-se o rosário: cento e cinqüenta “Ave Marias”, a cada 10, intercalada por um Pai Nosso e um Glória ao Pai. Havia antes o costume de rosário de “Pai Nossos”. São Bento sugeriu aos monges não letrados o rosário de “Ave Marias” em substituição aos cento e cinqüenta “Pai Nossos”.
- Criaram-se, com o tempo, as confrarias do rosário, tarefa que Nossa Senhora teria solicitado a São Domingos. Em 1571 o Papa Pio V declarou a vitória dos cristãos sobre os Otomanos (islâmicos) à recitação do rosário. Os Papas Pios estimularam o uso do terço pendente no braço.
- Mesmo mariana, a Ave Maria remete a Deus, autor das maravilhas realizadas em Maria. A segunda parte ajuda a nos dar conta da trágica situação humana de pecado e morte e, à luz da esperança espera-se a ação de Deus em misericórdia, tal como agiu através de Maria.
HERANÇAS BÍBLICAS:
·         Mulher é menos que homem;
·        Até Esdras: participação da mulher no culto; depois, impedidas;
·        Judeu casado com mulher estrangeira deveria mandá-la embora com os filhos;
·        Enjeitava-se menina;
·        Mulher era sinônimo de castigo; nos espólios de guerra a mulher vinha depois dos burros.
·        Casamento: ritual conforme Ez 16: rapaz joga o manto sobre o ombro... Negociação entre pais a respeito dos dotes...
·        Maria e José: baixo conceito: Nazaré.
·        Descendiam da família real: péssimo conceito; eram vistos como bastardos; esperava-se a vinda de Elias para purificar o povo.
“Os estudos mariológicos no Brasil estão muito atrás das exigências da pastoral mariana e esta se encontra, por sua vez, bem atrás da piedade do povo para com a mãe de Jesus”. (Clodovis Boff):
Uma relação difícil na Mariologia: Minimalismo (ceticismo racional) e Maximalismo (Sentimento exaltado e apaixonado, pois, Nela tudo é bom: vida, doçura...).
MARIA NOS EVANGELHOS:
MT: valoriza mais José que Maria; Maria, virgindade conforme os profetas: genealogia, gravidez do Espírito Santo...
MC: destaca o aspecto biológico. “Quem é minha mãe?”, “É este o filho de Maria?”.
LC: Apresenta Maria como núcleo da Bíblia. Mediação do amor de Deus. Maria: pessoa livre, determinada, acolhedora e aberta ao “outro”. Paralelos: Sf e 2Sm.
JO: Maria presente no início da vida pública de Jesus Cristo em Caná... Mulher forte: de pé junto à cruz; É modelo de comunidade que se redime e se salva. Significa o horizonte da esperança cristã.
MARIA no cristianismo é como uma jóia: coisa para gente fina! Como depende de uma relação de amor, faz com que a paixão leve a ultrapassar os limites.
A TEOLOGIA DOGMÁTICA revela e coloca limites, sem, contudo, deixar de salientar que Maria foi agraciada por um extraordinário amor de Deus.



[1] BOFF, Clodovis. Introdução à Mariologia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.
_____________ . Por uma Mariologia social. In: CONCILIUM, 327 – 2008/4, p.    44-57.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

    Criativa e super-rápida na inovação, A era digital facilita a vida e a ação, Mas enfraquece relacionamentos, E produz humanos em...