Seguem
alguns dados curiosos extraídos de um estudo feito por Clodovis Boff[1].
·
A
oração da “Ave Maria” apresenta três partes:
a) Lc 1,28: “Ave Cheia
de graça, o senhor é contigo”;
b) Lc 1,42: “bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o
fruto do vosso ventre”;
c)
Acréscimo posterior da Igreja: “Santa Maria”.
·
A
fórmula atual foi articulada entre o século VI e XVI (tempo de mil anos);
·
É
semelhante a uma nascente que se transformou em pequeno córrego, depois em rio,
e, depois em grande e caudaloso manancial;
·
A
partir do ano de 750, surgiram comentários homiléticos nas liturgias e destacavam
efeitos da grande repetição do número de “Ave Marias”. Entrou, então, na
piedade popular, e, a expressão passou a aparecer em sinos, vasos, móveis e
candelabros.
·
Em
torno do ano 1000: Na Alemanha havia o costume de repetir 60 vezes a primeira
parte da Ave Maria; em 1140: 150 vezes, equivalendo aos 150 salmos.
·
Aos
poucos surgiram também formas penitenciais da devoção mariana; em 1310, Ida de Lovaina
fez 1100 genuflexões... Em 1800 recitava-se 100 vezes por dia a “Ave Maria” e
com 100 genuflexões.
·
A
partir de 1200 encontros de bispos passaram a prescrever a reza da Ave Maria ao
lado do Pai Nosso e do Credo.
·
Em
1261 o papa Urbano IV acrescentou a palavra “Jesus” ao “bendito fruto”...
·
A
segunda parte da Ave Maria teve muitas fórmulas:
-
Século XIII: “Santa Maria, rogai por nós”.
-
Século XIV: “Rogai por nós os pecadores”
- Em
1350: Acrescentou-se “agora e na hora de nossa morte”.
- Em
1568: Foi prescrita a oração silenciosa do Pai Nosso e da Ave Maria antes das
horas canônicas.
- A
Ave Maria também foi associada ao Ângelus, três vezes ao dia, três “Ave
Marias”.
- Com
o tempo introduziu-se o rosário: cento e cinqüenta “Ave Marias”, a cada 10,
intercalada por um Pai Nosso e um Glória ao Pai. Havia antes o costume de
rosário de “Pai Nossos”. São Bento sugeriu aos monges não letrados o rosário de
“Ave Marias” em substituição aos cento e cinqüenta “Pai Nossos”.
-
Criaram-se, com o tempo, as confrarias do rosário, tarefa que Nossa Senhora
teria solicitado a São Domingos. Em 1571 o Papa Pio V declarou a vitória dos
cristãos sobre os Otomanos (islâmicos) à recitação do rosário. Os Papas Pios
estimularam o uso do terço pendente no braço.
-
Mesmo mariana, a Ave Maria remete a Deus, autor das maravilhas realizadas em
Maria. A segunda parte ajuda a nos dar conta da trágica situação humana de
pecado e morte e, à luz da esperança espera-se a ação de Deus em misericórdia,
tal como agiu através de Maria.
HERANÇAS BÍBLICAS:
·
Mulher é menos que homem;
·
Até
Esdras: participação da mulher no culto; depois, impedidas;
·
Judeu
casado com mulher estrangeira deveria mandá-la embora com os filhos;
·
Enjeitava-se
menina;
·
Mulher
era sinônimo de castigo; nos espólios de guerra a mulher vinha depois dos
burros.
·
Casamento:
ritual conforme Ez 16: rapaz joga o manto sobre o ombro... Negociação entre
pais a respeito dos dotes...
·
Maria
e José: baixo conceito: Nazaré.
·
Descendiam
da família real: péssimo conceito; eram vistos como bastardos; esperava-se a
vinda de Elias para purificar o povo.
“Os estudos mariológicos no Brasil
estão muito atrás das exigências da pastoral mariana e esta se encontra, por
sua vez, bem atrás da piedade do povo para com a mãe de Jesus”. (Clodovis
Boff):
Uma relação difícil na Mariologia:
Minimalismo (ceticismo racional) e Maximalismo (Sentimento exaltado e
apaixonado, pois, Nela tudo é bom: vida, doçura...).
MARIA NOS EVANGELHOS:
MT: valoriza mais José que Maria; Maria, virgindade conforme
os profetas: genealogia, gravidez do Espírito Santo...
MC: destaca o aspecto biológico. “Quem é minha mãe?”, “É este
o filho de Maria?”.
LC: Apresenta Maria como núcleo da Bíblia. Mediação do amor
de Deus. Maria: pessoa livre, determinada, acolhedora e aberta ao “outro”.
Paralelos: Sf e 2Sm.
JO: Maria presente no início da vida pública de Jesus Cristo
em Caná... Mulher forte: de pé junto à cruz; É modelo de comunidade que se
redime e se salva. Significa o horizonte da esperança cristã.
MARIA no cristianismo é como uma jóia: coisa para gente fina!
Como depende de uma relação de amor, faz com que a paixão leve a ultrapassar os
limites.
A TEOLOGIA DOGMÁTICA revela e coloca limites, sem, contudo,
deixar de salientar que Maria foi
agraciada por um extraordinário amor de Deus.
[1]
BOFF, Clodovis. Introdução à Mariologia. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2004.
_____________ . Por uma Mariologia social. In:
CONCILIUM, 327 – 2008/4, p. 44-57.
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