Da criança
estimulada a comer para ficar vigorosa
Veio a
adolescência induzida ao excesso polarizado,
Cheia de alertas
contra a constatação pavorosa,
De ostentar
gordura para além do padronizado.
O paraíso do
empanturrar-se na onda consumista,
Com
insinuantes ofertas para ultrapassar medidas,
Confronta-se
com as ordens do capeta pessimista,
A recomendar
somente quantidades comedidas.
Quando a
insinuação do comer para tudo exaurir,
Faz exaltada
louvação para engolir e de tudo fruir,
Aparece o
capeta a indicar o modelo estético,
E a exigir
privação e consumo dietético.
No remorso
do coração, prevalece antiga assimilação,
Ou comer
para além da medida, ou optar pela beleza,
Que requer
descomunal e massacrante abnegação,
Para não
escapulir dos parâmetros da magreza.
Como ser
feliz na magreza e na fofura,
Quando
devastadoras insinuações insistem:
Comer à
exaustão e inebriar-se da doçura,
De tudo
quanto os paladares não resistem?
A felicidade
associada à condecoração do ingerir,
Mostra a
cada garfada, além do deglutido,
Inúmeros
ideais de beleza a se denegrir,
Do ideário
do belo e do magro pretendido.
Desejar não
sofrer com a fartura que se oferece,
E não se
enternecer com tudo quanto se renega,
Poderia não gerar culpa que a tantos
entristece,
E lhes
amenizar a faina que o imaginário não relega?
No fragor de
uma culpa, a sina efervescente:
Ou remoer-se
como bulímico padecente,
Ou
causticar-se como anoréxico atordoado,
Que precisa
fazer renúncia por todo lado.
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