Algumas são ótimas e edificantes,
Outras, bem abusivas e alienantes,
Ao serem direcionadas pela rigidez,
Sob tentação clericalista da avidez.
Sem aquela valiosa hermenêutica,
Que torna a piedade terapêutica,
Um conhecimento argumentativo,
Se engendra em aparente lenitivo.
Embala sono dogmático e ingênuo,
E prende o devoto no rol contínuo,
De estar sob as realidades eternas,
Que o resgata das pífias badernas.
A suposição torna-se uma couraça,
Que o deixa numa contínua graça,
Bem acima do comum dos mortais,
E impermeabiliza os apelos frontais.
Se a argumentação está insuficiente,
Apela-se com um rigor contundente,
À origem e ao que deve ser rezado,
Para assegurar um originário legado.
Fonte original ampliada na fantasia,
E descontextualizada com a arrelia,
Ajuda a considerar como fundante,
O que não é condição determinante.
Tudo requer ser seguido no detalhe,
E que milagre esperado não encalhe,
Porque o solicitante daquela piedade,
Já prescreveu uma rigorosa lealdade.
Dito como eterno fora do contexto,
Fornece aquele sugestivo pretexto,
De que é totalmente central na vida,
Traindo motivação cristã para a lida.
Assim, narrativa a justificar
piedade,
Enseja o sequestro desta prioridade,
Do fundamento proposto por Cristo,
Para o modo de ser e agir benquisto.
Impõe-se a ótica raivosa autoritária,
A falar da Igreja, de forma sectária,
Com postura nitidamente anticristã,
Que vê em tudo uma idolatria pagã.
A piedade, feita remédio subjetivo,
Já não oferece esperança e lenitivo,
Para saída das formas esclerosadas,
Das tantas consciências atordoadas.
Apropriação de dados sem contexto,
Facilitam o agir autoritário molesto,
Para subjugar com rezas alienantes,
Sem ações concretas e edificantes.
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