A tradição de muitos séculos,
Vincula rompidos tentáculos,
E reata linguagem do coração,
Para a mais lídima comunhão.
Vinculação aos fiéis defuntos,
Recria as memórias e assuntos,
Do amanhecer para vida plena,
A partir da convivência terrena.
Se palavra, rompida pela morte,
Perde sua a razão e seu aporte,
Abre a forma de comunicação,
Para rica linguagem do coração.
Quando o céu e terra se unem,
Ligam a laços que não punem,
E homenagem de velas e flores,
Explicitam os divinos pendores.
Mortos avivam os sentimentos,
E recordam os bons acalantos,
Perante dor e alegria profunda,
Transformada numa fé fecunda.
Fenômeno atual de ocultação,
Reflete incômodo na convicção,
De ver a morte como passagem,
Que enseja inusitada linguagem.
Jesus Cristo, em fala alegórica,
Apontou para a razão eufórica,
Para ficar com os rins cingidos,
E com os lampiões acendidos:
Rins cingidos, ou túnica presa,
Na cintura, para agir na leveza;
Lâmpada acesa, para acolhida,
Eram convites a sinais de vida.
O patrão vindo tarde da noite,
Encontraria serviço e pernoite,
E transcendência para a vida,
Com intensidade da acolhida.
Morte não priva humana vida,
Mas a faz amanhecer querida,
Para a reintegração no Todo,
Mistério do amor no denodo.
Vida, qual rio a entrar no mar,
Continua a ser água a laurear,
A grandiosidade dos oceanos,
E integrar encantos praianos.
A humana vida perde sua força,
Perde o seu nome e a sua forma,
Mas prossegue viva no mistério,
Dum amor maior sem deletério.
Que as velas, as flores e orações,
Alarguem os humanos corações,
A viverem boa intencionalidade,
E, no Todo, a fruir sua bondade.
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