quarta-feira, 19 de novembro de 2025

MECANISMO DE EXPANSÃO

 

 

Na onda do suposto big-bang,

Todo o mundo quer dar bang,

E o humano, feixe insatisfeito,

Foca alcançar o mais perfeito.

 

Pouco falado e muito desejado,

Ato de expandir-se para o lado,

Impregna as nuvens de desejos,

Sob as chuvas de possíveis ejos.

 

Nesta frágil condição humana,

Virtualidade cedo se promana,

Para o novo, inusitado, bonito,

Na ânsia pelo que seja infinito.

 

No contínuo mecanismo vital,

Humanóide, desde início fetal,

Se move rumo a amplo espaço,

Mesmo que lhe crie embaraço.

 

Quer crescer e quer dilatar-se,

Quer mais volume, e inflar-se,

Anseia expansão e a profusão,

Mais que cosmos na expansão.

 

Vontade de espalhar doutrina,

Torna-o complicado numa sina,

De interferir na decisão alheia,

Para avantajar a própria peia.

 

Quer ensinar a melhor religião,

E, para tanto gesta a agressão,

Por desejar modificar crenças,

Sem eliminar suas desavenças.

 

Quer aumentar sua força bélica,

Com atrevida ação maquiavélica,

Para alargar sob controle militar,

Imensas multidões a subordinar.

 

Anseia por reservas econômicas,

E faz as gastanças astronômicas,

Para ter as necessidades supridas,

E com muitas riquezas absorvidas.

 

Tudo envolve ideais de grandeza,

E leva a agir com toda a destreza,

Para expandir seu próprio espaço,

Que a toda hora propicia cansaço:

 

Luta pelo que pertence a outros,

Confronta divisa com destoutros,

Sequer se ajusta no seu entorno,

Porque vive obsessivo transtorno:

 

Não sossega, e não se conforma,

Pelo que a curta vida enforma,

Porque é bem limitada e finita,

Apesar de sua ambição infinita.

 

Nesta doença congênita e vital,

O ser humano confronta o rival,

Porque deseja similar expansão,

A configurar ameaça à ambição.

 

No limite que o planeta suporta,

Nada muda tanta vida já morta,

E lida humana, tão complicada,

Aponta para sinistra derrocada.

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