sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Mudanças na vida



            Bem conhecemos a força determinante dos hábitos: são fatores fundamentais para equilibrar a vida, mas, também constituem empecilhos para uma vida tornar-se mais dinâmica, alegre e capaz de encontrar novas referências.
            No campo religioso podemos observar quanto certos ritos, piedades e formalismos religiosos esvaziam a experiência religiosa e acomodam as pessoas a não buscar algo que possa dar mais sentido e bom retorno do caminho da fé. Embora a palavra “conversão” esteja em processo de desaparecer da conversa e da oração, este tempo de preparação da festa do natal – da memória do nascimento de Jesus Cristo – nos aponta este importante caminho da conversão e ele pode acontecer na alegria.
            O Evangelho de Mateus ( 3, 1-12) salienta alguns traços das profecias de João Batista, particularmente oportunas para nos orientar num processo de mudança, ou de conversão para uma vida mais encaixada nas manifestações do amor de Deus.      Há momentos e fases da vida em que se torna um tanto difícil intuir perspectivas novas e de mais alegria, porque perdas ou fracassos nos remetem excessivamente aos fatos passados e, em torno deles, continuamos a ferir os sentimentos e permitir que eles nos roubem a alegria.
            Uma imagem muito antiga da Bíblia, escrita por Isaías (11, 1-10), nos ajuda a lidar com esta tentação de ficar amarrado ao passado. O profeta, ao interpretar os acontecimentos do povo e, querendo ajuda-lo a não se acomodar ao fatalismo resignado, usava a imagem do carvalho derrubado. Do toco que sobrou no chão, pode emergir um broto novo! Apontava para uma possibilidade messiânica e utópica: Deus pode dar sinais no meio da experiência de fracasso. Desta história dilacerada por abandono da fé, por guerras e por crises de toda natureza, pode emergir algo novo. No lugar do frondoso carvalho, um broto poderá voltar a florir... Já não seria mais um rei como Davi, mas alguém que poderia reatar a unidade do povo e abrir-lhe caminhos de alegria e bom entendimento com outros povos.
            Nós também vemos muitos carvalhos de nossos sonhos e de nossas utopias sendo derrubados, e, de forma brusca, inesperada e violenta. Mais do que ficar numa magoada lamúria, cabe-nos agir positivamente para facilitar que os tombos e as derrubadas dos nossos anseios vitais, possam facilitar o aparecimento de brotos, e com a virtualidade de ostentar flores de alegria.
            Na memória da alegria que Jesus de Nazaré representou para tanta gente sofrida do seu tempo, podemos reativar o mesmo clima diante da antecipação das coisas boas que poderão acontecer em nossa vida, através da preparação de um tempo novo, e, pelo progressivo cultivo da motivação de que inovações em nosso modo de viver, podemos tornar-nos mais descomplicados e muito mais alegres.


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