Bem
conhecemos a força determinante dos hábitos: são fatores fundamentais para
equilibrar a vida, mas, também constituem empecilhos para uma vida tornar-se
mais dinâmica, alegre e capaz de encontrar novas referências.
No campo
religioso podemos observar quanto certos ritos, piedades e formalismos
religiosos esvaziam a experiência religiosa e acomodam as pessoas a não buscar
algo que possa dar mais sentido e bom retorno do caminho da fé. Embora a
palavra “conversão” esteja em processo de desaparecer da conversa e da oração,
este tempo de preparação da festa do natal – da memória do nascimento de Jesus
Cristo – nos aponta este importante caminho da conversão e ele pode acontecer
na alegria.
O Evangelho
de Mateus ( 3, 1-12) salienta alguns traços das profecias de João Batista,
particularmente oportunas para nos orientar num processo de mudança, ou de
conversão para uma vida mais encaixada nas manifestações do amor de Deus. Há momentos e fases da vida em que se
torna um tanto difícil intuir perspectivas novas e de mais alegria, porque
perdas ou fracassos nos remetem excessivamente aos fatos passados e, em torno
deles, continuamos a ferir os sentimentos e permitir que eles nos roubem a
alegria.
Uma imagem
muito antiga da Bíblia, escrita por Isaías (11, 1-10), nos ajuda a lidar com
esta tentação de ficar amarrado ao passado. O profeta, ao interpretar os
acontecimentos do povo e, querendo ajuda-lo a não se acomodar ao fatalismo
resignado, usava a imagem do carvalho derrubado. Do toco que sobrou no chão,
pode emergir um broto novo! Apontava para uma possibilidade messiânica e
utópica: Deus pode dar sinais no meio da experiência de fracasso. Desta
história dilacerada por abandono da fé, por guerras e por crises de toda
natureza, pode emergir algo novo. No lugar do frondoso carvalho, um broto
poderá voltar a florir... Já não seria mais um rei como Davi, mas alguém que
poderia reatar a unidade do povo e abrir-lhe caminhos de alegria e bom
entendimento com outros povos.
Nós também
vemos muitos carvalhos de nossos sonhos e de nossas utopias sendo derrubados,
e, de forma brusca, inesperada e violenta. Mais do que ficar numa magoada
lamúria, cabe-nos agir positivamente para facilitar que os tombos e as
derrubadas dos nossos anseios vitais, possam facilitar o aparecimento de brotos,
e com a virtualidade de ostentar flores de alegria.
Na memória
da alegria que Jesus de Nazaré representou para tanta gente sofrida do seu
tempo, podemos reativar o mesmo clima diante da antecipação das coisas boas que
poderão acontecer em nossa vida, através da preparação de um tempo novo, e, pelo
progressivo cultivo da motivação de que inovações em nosso modo de viver, podemos tornar-nos mais descomplicados e muito mais alegres.
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