Pela
manifestação de algumas tendências no interior da Igreja Católica, caberia mais
a afirmação do Deus no céu, e, muito longe daqui. Talvez este desejo de
distância se preste para algumas ações ideológicas com vistas a manipular
pessoas em favor do interesse de grupos que se impõem através de discursos
alienantes.
Fica fácil
falar de um “Jesus Cristinho” intimista ou da “mãezinha do céu” ou do “Deus
categórico, autoritário e vingativo”.
Em nossa
costumeira preparação de Natal, as semanas que antecedem a festa, nos brindam
com as ricas imagens do profeta Isaías. O ambiente extremamente difícil do seu
tempo levou-o a olhar para além da obsessão comum pelas guerras, cultivo de
ódios e de vinganças. Ele constatou que no passado, sob as regras éticas da
grande experiência teofânica do Monte Sinai, a vida era incomparavelmente
melhor.
É possível
que Isaías tenha sonhado com a perspectiva meramente política, pois o rei Acaz
(735 anos antes de Cristo) resistente a acolher uma palavra do profeta para algum
sentimento mais humanitário que pudesse revelar Deus no meio daquele momento
histórico angustiante, não dava nenhuma evidência de que seu fracassado reinado
permitiria procedimentos mais favoráveis ao povo.
A saudosa
imagem da dinastia Davídica despertava no profeta Isaías algo bom que ainda
poderia manifestar-se da parte de Deus: a gravidez da filha do Rei poderia
fornecer ao país um futuro rei – menos prepotente - que novamente poderia
tornar-se, como Davi desejou ser, um bom secretário de Deus, a fim de que o bom
entendimento do povo revelasse o “Deus conosco” (Emanuel).
A antiga
esperança do profeta ofereceu uma chave de leitura aos primeiros seguidores de
Jesus Cristo, pois, entenderam que, nele, a plena manifestação do esperado
“Deus conosco” estava, enfim, se realizando como um casamento novo para uma
vida mais ordeira e decente.
Temos hoje
razões suficientes para não cultivar boas expectativas em torno dos nossos
governantes, mas, será que nos bastaria um grupo de pessoas retas, honestas e
sensíveis ao sofrimento do povo em funções básicas do governo, para nos apontar
a imagem poética de que Deus realmente vai morar no meio de nós?
Certamente
se fará necessária uma mudança muito grande em toda a coletividade, pois, se
não somos induzidos para a guerra estúpida, somos envolvidos pela lamentável perda
de regras éticas, estas que poderiam apontar capazes de superar a corrupção, o
enriquecimento ilícito, e o aumento de vantagens pessoais em detrimento de outras
pessoas, que precisam pagar o preço da miséria e da fome.
Que a
memória de Jesus, filho da mulher simples, atenciosa, serviçal, que abriu o dom
da sua vida a Deus, - Maria - possa nos antecipar alegrias de tempos melhores na
irrupção de um agir messiânico, em que se instauram mais sinais de amor, e que,
enfim, nos convençam de que “Deus está conosco”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário