O papa
Francisco, decepcionado com fofocas e intrigas na cúria romana, comparou-a ao
estágio doentio de Alzheimer. Como seria de se esperar coisa melhor daquele
ambiente, certamente será de se esperar que, em nossos ambientes domésticos e
comunitários, um pouco mais de humanidade – do jeito manifestado por Jesus
Cristo – também fará um bem enorme.
Ao celebrar
o nascimento de Jesus Cristo que, para os primeiros cristãos constituía um
acontecimento tão importante para o sentido da vida que o equipararam ao sol,
e, se apropriaram da festa romana dedicada ao sol, a fim de lembrar no dia 25
de dezembro a nova significação, começaram também a celebrar tal acontecimento
como renovador das motivações de vida.
Muitos
séculos antes de Jesus Cristo, depois de um longo fracasso da experiência
religiosa, política e econômica de Israel, um edito do rei Ciro autorizou os
judeus exilados a retornar à sua pátria. Isaías soube ler, no fato, algo mais
do que um simples retorno à terra natal. Teria que acontecer uma mudança de
mentalidade e Deus teria que ajudar a fim de que a capital Jerusalém pudesse
voltar a ser uma luz brilhante de justiça.
O bom nome,
o respeito e o bom entendimento entre as pessoas, que constituíram marca
genuína dos primeiros tempos do povo de Israel, teriam que voltar a ocupar o
centro da vida. A cidade abandonada que era Jerusalém, depois de longos e
sistemáticos saques, destruições e derrotas em guerras, necessitaria voltar a
ser uma esposa de Deus (a desposada), identificada particularmente pelo amor.
Algo
parecido com a dramática experiência do fracasso com a qual Jerusalém teve que
conviver, parece repetir-se em nossos dias, mas, por problemas bem diferentes.
As enxurradas de informações sobre roubos, desvios de dinheiro público,
apropriação indevida dos bens coletivos, má gestão de governo em todos os
níveis, e tantos milhões de falcatruas em nosso país, levam a desejar algo
parecido com o que Isaías sonhava: faz-se necessário um grande luzeiro de
justiça! Nosso país não pode identificar-se à mulher abandonada, mas, precisa
de uma força que devolva honra aos cidadãos que constituem esta coletividade.
Lembrar o
jeito de Jesus Cristo, na festa do seu nascimento, pode reascender um luzeiro
de bom senso e de boa vontade para que a vida do povo constitua um belo e
festivo enlace com aquele que permite a existência humana e certamente deseja
que todos vivam bem.
Muito mais
do que de panetones, chocolates, doces, carnes, frutas e muita bebida, o Natal também
pode prestar-se para um momento forte de humanidade, capaz de acender o
“luzeiro apagado”, e, com vistas a diminuir o real abandono e desencontro de
tanta gente sem auto-estima porque se sente abandonada como mulher sem eira e
sem beira.
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