terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Um luzeiro de justiça



            O papa Francisco, decepcionado com fofocas e intrigas na cúria romana, comparou-a ao estágio doentio de Alzheimer. Como seria de se esperar coisa melhor daquele ambiente, certamente será de se esperar que, em nossos ambientes domésticos e comunitários, um pouco mais de humanidade – do jeito manifestado por Jesus Cristo – também fará um bem enorme.
            Ao celebrar o nascimento de Jesus Cristo que, para os primeiros cristãos constituía um acontecimento tão importante para o sentido da vida que o equipararam ao sol, e, se apropriaram da festa romana dedicada ao sol, a fim de lembrar no dia 25 de dezembro a nova significação, começaram também a celebrar tal acontecimento como renovador das motivações de vida.
            Muitos séculos antes de Jesus Cristo, depois de um longo fracasso da experiência religiosa, política e econômica de Israel, um edito do rei Ciro autorizou os judeus exilados a retornar à sua pátria. Isaías soube ler, no fato, algo mais do que um simples retorno à terra natal. Teria que acontecer uma mudança de mentalidade e Deus teria que ajudar a fim de que a capital Jerusalém pudesse voltar a ser uma luz brilhante de justiça.
            O bom nome, o respeito e o bom entendimento entre as pessoas, que constituíram marca genuína dos primeiros tempos do povo de Israel, teriam que voltar a ocupar o centro da vida. A cidade abandonada que era Jerusalém, depois de longos e sistemáticos saques, destruições e derrotas em guerras, necessitaria voltar a ser uma esposa de Deus (a desposada), identificada particularmente pelo amor.
            Algo parecido com a dramática experiência do fracasso com a qual Jerusalém teve que conviver, parece repetir-se em nossos dias, mas, por problemas bem diferentes. As enxurradas de informações sobre roubos, desvios de dinheiro público, apropriação indevida dos bens coletivos, má gestão de governo em todos os níveis, e tantos milhões de falcatruas em nosso país, levam a desejar algo parecido com o que Isaías sonhava: faz-se necessário um grande luzeiro de justiça! Nosso país não pode identificar-se à mulher abandonada, mas, precisa de uma força que devolva honra aos cidadãos que constituem esta coletividade.
            Lembrar o jeito de Jesus Cristo, na festa do seu nascimento, pode reascender um luzeiro de bom senso e de boa vontade para que a vida do povo constitua um belo e festivo enlace com aquele que permite a existência humana e certamente deseja que todos vivam bem.

            Muito mais do que de panetones, chocolates, doces, carnes, frutas e muita bebida, o Natal também pode prestar-se para um momento forte de humanidade, capaz de acender o “luzeiro apagado”, e, com vistas a diminuir o real abandono e desencontro de tanta gente sem auto-estima porque se sente abandonada como mulher sem eira e sem beira.


            

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