Cada um de nós sabe muito bem que não
se muda a vida, da mesma forma que se muda de pensamento. A vida, intensamente marcada
por hábitos e formas de socialização, pende para a repetição de certos modos de
ser e de lidar com as pessoas e com o entorno, especialmente as que foram
exitosas em outros momentos. No entanto, sem motivação e sem boa determinação
do pensamento, facilmente se cai na rotina dos hábitos, e, possíveis mudanças
ficam apenas no âmbito dos desejos.
De onde poderiam, então, advir forças
capazes de mudar a conduta? Certamente um modo de ser humilde se fará
necessário, pois, implica em admitir que se possa viver de outra forma. A
Bíblia nos oferece um rico contexto de como o povo de Israel, ao longo de
muitos séculos, oscilou entre formas de conduta que o tornou dependente e
momentos de grande criatividade e superação que o levou a pensar algo
totalmente novo e renovador para a vida.
O profeta João Batista, através de
uma vida humilde e simples, encantou as pessoas do seu tempo pelo seu profundo
desejo de mudança na vida das pessoas. Sob o apelo da conversão convidava as
pessoas a uma mudança de vida e assinalava simbolicamente este procedimento com
o batismo nas águas do rio Jordão. Ocorreu até mesmo a suspeita de ele era o
salvador de Deus, ansiosamente esperado há diversos séculos. Seu discurso, no
entanto, visava uma mudança radical no modo de ser das pessoas: mudar o modo de
consumir e a ganância pelo poder.
São os mesmos traços que em nossos dias tanto
atrapalham a vida familiar e comunitária. O batismo significava a disposição
para esta mudança interna. Os evangelhos, todavia, apontaram que todo este
procedimento profético de João Batista serviu para sensibilizar as pessoas em
torno de uma imagem totalmente inusitada e distinta de Deus: um Deus que
perdoa, mas, que espera empenho para tornar-se melhor.
Jesus Cristo, que se apresentou como
o salvador de Deus, encontrou mil resistências, tanto pela sua origem e
condição social, quanto pela imagem de Deus que se cultivava: a do guerreiro
poderoso e forte. E, se esperavam um Deus conosco (Emanuel), esperavam um Deus
que fizesse as coisas sem envolver as pessoas. Nisto Jesus foi decepcionante,
porque encorajou, apontou caminhos, educou contando historinhas para que as
pessoas percebessem, sem se ofender, que poderiam agir de formas diferentes e
melhores.
Como estamos em tempo de preparação
de Natal, mais do que poder de sedução para o consumo e um momento forte para
ampliar os leques da ganância, somos convidados a outro itinerário: o do
caminho para dentro de nós e para mais proximidade em nossa comunidade.
Conversão para acolher a Boa Notícia que Jesus anunciou, talvez constitua forte
interpelação para menos correria e mais solidariedade.
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