quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Mudança de vida



Cada um de nós sabe muito bem que não se muda a vida, da mesma forma que se muda de pensamento. A vida, intensamente marcada por hábitos e formas de socialização, pende para a repetição de certos modos de ser e de lidar com as pessoas e com o entorno, especialmente as que foram exitosas em outros momentos. No entanto, sem motivação e sem boa determinação do pensamento, facilmente se cai na rotina dos hábitos, e, possíveis mudanças ficam apenas no âmbito dos desejos.
De onde poderiam, então, advir forças capazes de mudar a conduta? Certamente um modo de ser humilde se fará necessário, pois, implica em admitir que se possa viver de outra forma. A Bíblia nos oferece um rico contexto de como o povo de Israel, ao longo de muitos séculos, oscilou entre formas de conduta que o tornou dependente e momentos de grande criatividade e superação que o levou a pensar algo totalmente novo e renovador para a vida.
O profeta João Batista, através de uma vida humilde e simples, encantou as pessoas do seu tempo pelo seu profundo desejo de mudança na vida das pessoas. Sob o apelo da conversão convidava as pessoas a uma mudança de vida e assinalava simbolicamente este procedimento com o batismo nas águas do rio Jordão. Ocorreu até mesmo a suspeita de ele era o salvador de Deus, ansiosamente esperado há diversos séculos. Seu discurso, no entanto, visava uma mudança radical no modo de ser das pessoas: mudar o modo de consumir e a ganância pelo poder.
 São os mesmos traços que em nossos dias tanto atrapalham a vida familiar e comunitária. O batismo significava a disposição para esta mudança interna. Os evangelhos, todavia, apontaram que todo este procedimento profético de João Batista serviu para sensibilizar as pessoas em torno de uma imagem totalmente inusitada e distinta de Deus: um Deus que perdoa, mas, que espera empenho para tornar-se melhor.
Jesus Cristo, que se apresentou como o salvador de Deus, encontrou mil resistências, tanto pela sua origem e condição social, quanto pela imagem de Deus que se cultivava: a do guerreiro poderoso e forte. E, se esperavam um Deus conosco (Emanuel), esperavam um Deus que fizesse as coisas sem envolver as pessoas. Nisto Jesus foi decepcionante, porque encorajou, apontou caminhos, educou contando historinhas para que as pessoas percebessem, sem se ofender, que poderiam agir de formas diferentes e melhores.
Como estamos em tempo de preparação de Natal, mais do que poder de sedução para o consumo e um momento forte para ampliar os leques da ganância, somos convidados a outro itinerário: o do caminho para dentro de nós e para mais proximidade em nossa comunidade. Conversão para acolher a Boa Notícia que Jesus anunciou, talvez constitua forte interpelação para menos correria e mais solidariedade.


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