quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O ancião



Já bem vacilante no caminhar,
Seus olhos buscam embrenhar,
Com a ajuda das trêmulas mãos,
Antigas seguranças de co-irmãos.

Se a mente perdeu a versatilidade,
Não perdeu, todavia, a capacidade,
De captar mínimos sinais de atenção,
E explicitá-los no olhar da retribuição.

Seu assunto nem sempre importante,
Por vezes parece pouco interessante,
Mas é o seu anseio de sociabilidade,
Tão marcante na longa familiaridade.

A intuição capta mais do que o olhar,
Os mínimos sinais e gestos a desfolhar,
Para preencher-se de muita bondade,
Com a leveza própria da sinceridade.

Perdeu cidadania porque pouco produz,
Mas basta ver que a testa brilhante reluz,
Quando aviva memória do que trabalhou,
E do quanto, na solidariedade partilhou.

Se a memória curta esquece o seu legado,
Mesmo sofrendo com tamanho desagrado,
Faz prevalecer toda a calma e a serenidade,
Para consagra-se na invejada integralidade.


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