Se
o cérebro felino é minúsculo, seus olhos proeminentes, no entanto, são
maiúsculos, que não apenas enxergam mais do que os humanos, mas, também revelam
um céu luminoso, brilhante e atraente com estrelas de linhas irdológicas a
serem interpretados pela mente humana e donde promanam as luzes iluminadoras
para preencher uma vida solitária.
Felídeos
não impressionam humanos pelas suas coxas, nem pelos seus mamilos e, menos
ainda, pelos órgãos de evacuação e reprodução.
A
magia hipnótica do olhar do gato é, certamente, reveladora de um mundo de
encantamentos subjetivos, capazes de submeter o ser humano com o fundo
encantador do infinito, para nele projetar o vasto céu azul de esperanças
capazes de preencher as carências humanas.
Olhar
para o olho do felino e perceber seu mundo cordato, na paisagem deslumbrante da
candura, seduz de forma arrasadora para abrir a porta das amarguras humanas e
permitir que aquele novo céu ofereça um percurso de ócio edificante.
Os olhos dos gatos, já
parcialmente adaptados e dependentes do ser humano, além do fascínio,
constituem um mundo translúcido que atinge o âmago do sentimento humano e
prende sua atenção, porque estão desprovidos de falsidade, de traição, de
infidelidade, de arrogância, de mágoa, tudo isso, tão presente no olhar humano.
No diagnóstico da
labilidade humana de se encantar profunda e intensamente pelo gato, situa-se o
desbravamento de um outro mundo, que desperta, de novo, a capacidade de
reatância para sonhar com algo melhor do que o olhar humano. Este, tão
inconstante, revela e desperta tanta insegurança e inquietação, e, ao mesmo
tempo, mostra-se tão frágil, provisório e propenso ao ocultamento do que se
passa nos sentimentos.
Neste modo de se
constituir num campo nebuloso, o olhar humano desvia a atenção para não se
comprometer.
No olhar dos gatos
localiza-se, com razoáveis evidências de probabilidade, o magnetismo que atrai
os corações humanos feridos. Neste olho mágico e contagiante do poder sedutor,
revela-se um mundo maravilhoso de sonhos: que não condena, não censura, nem
insinua algum abuso, pois, nele, está o indicativo redentor da pobre criatura
humana, carente, frágil, contingente e que se resume num feixe de tensões
desgastantes oriundas dos desencontros humanos.
Mais do que o gato,
importa seu olho, um céu que se abre para quem se sente condenado ao inferno
diante da sua convivência com similares que irritam, que chateiam, que
aborrecem, e que mudam constantemente de humor.
A simbiose
“humano-gatóide” traria vantagem fantástica à capacidade dos olhares humanos,
mas, nas sutilezas da comunhão fechada para a fruição dos encantos precípuos
dos gatos, não se supre a limitação da degeneração humana e, possivelmente, vai
deixar seu lugar no mundo aos micro-organismos, sequer perceptíveis ao olho
humano e nem mesmo, ao do gato.
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