segunda-feira, 28 de abril de 2025

GATOSE V

 

 

            Em nova sondagem para convencer a respeito da Gatose, como doença nova entre hospedeiros humanos e hospedados gatos, observou-se que afirmações sobre simbioses de parasitas antigos no corpo humano, se tornaram essencialmente fundamentais à vida dos humanos. Assim, o cocô das mitocôndrias e cloropastos, tornam-se enzimas que alimentam o corpo humano, isto é, pagam com seu cocô a hospedagem; e, os donos, acham que está bom desse jeito.

            No longo processo de adaptação para a convivência de múltiplos sistemas independentes de vida, que se adaptaram à convivência de complementariedade benfazeja, a Gatose, como é fenômeno recente, ainda se encontra em processo de ajuste, mas, já aponta indícios de que características típicas de seres humanos, em áreas urbanas, já não sobrevivam sem a hospedagem de gatos.

 Os gatos tornaram-se fundamentais para a afetuosidade humana e, também, para o passatempo das horas monótonas encafurnadas em pequenos cubículos de moradia. Ademais, a dispersão de deslocamentos de membros da família para serviços em lugares os mais variados, leva, aos que ficam em casa, a necessitarem de gatos como energia vital para sua existência a fim de passar as horas monótonas no isolamento humano.

            A compensação dos desencontros humanos devido aos deslocamentos para lugares de trabalho, encontra nos gatos o lenitivo que acalma os nervos, que atenua a libido, e que fornece a sensação de companhia agradável. Por outro lado, ainda que os gatos se lamentem em torno de mais comida, e refuguem a substituição de trato ao qual estão acostumados, são diferentes dos humanos que sempre querem algo diferente, um docinho, um chocolate, um trago, uma cervejinha, um prato que inove na aparência e no gosto.

            Em breve, casas e apartamentos humanos terão que contar com uma segunda despensa: uma para os humanos e outra para os felinos hospedados. Possivelmente, um longo processo permitirá que, tanto uns como outros, comam no mesmo prato, para sujar menos louça e dispensar a mente humana com muitas preocupações, toda vez que humanos vão aos supermercados e às farmácias.

            Algo que já indica algumas evidências da Gatose, é a dispensa de cestinhas, de pequenos cobertores e de outras fofuras para servirem de cama para os gatos. Estes passarão a dormir, necessariamente, ao lado de seus hospedeiros.

            Ainda se fará necessário um processo adaptativo para que o nariz humano não fique entulhado de pelos de gato e tranque a respiração humana, por enquanto, tão elementar para um bom sono humano. A convivência com mais gatos em ambientes muito reduzidos, também implicará em adaptação do corpo humano para não mais sentir as rinites alérgicas decorrentes da inalação de partículas de pelos dos gatos.

            Pelos de gatos, que em nossos tempos contingentes ainda são uma promiscuidade da interação humana-felina, poderão em futuro não muito distantes tornar-se remédio contra asma, rinites e gripes, pois, irão limpar os canais respiratórios e ainda enriquecê-los com vitaminas, proteínas, aminoácidos, sais e minerais.

            O processo interativo destes dois sistemas de vida, o dos humanos e o dos felinos, através da Gatose, irá trazer evidentemente alguns desafios aos atuais modos de vida dos humanos. Para que os mimados gatos não sujem seus pés, o carregamento braçal destes amados felinos, cada vez maiores e mais obesos, implicará em lordoses e desvios de coluna que também terão que ser ajustados à musculatura braçal para a adequada funcionalidade simbiótica.

            O afeto humano deslocado para os amorosos gatos, poderá, evidentemente, trazer uma nova doença: o desaparecimento do afeto entre seres humanos, uma vez que o afeto se desloca progressivamente para felinos e diminui na relação com criaturas humanas. Estas, assim que nascerem, terão que ser parecidas com as perdizes: assim que saem da casca, terão que ajeitar-se por conta para sobreviver. E terão que ser também como as serpentes peçonhentas: ao saírem da casca, saber soltar veneno mortal para assegurar sua auto-defesa e a sobrevivência na seleção das espécies.

 

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