Um olhar
perfunctório sobre a Gatose, doença degenerativa que afeta tanto humanos,
quanto felinos na sua simbiose doentia, permitiu observar, pelo lado dos gatos,
que vivem a desgraça de terem que suprir demandas humanas, e assim, numa metamorfose
obrigatória, acabam perdendo um traço de higiene básica, tão peculiar dos
gatos, que é o do seu ritual de fazer cocô e xixi.
Processos
históricos longos levaram os felinos a terem muito cuidado com a evacuação.
Possuem ainda o privilégio de não precisarem utilizar papel higiênico, e mesmo
assim, quando andam livremente por jardins, hortas e pátios, cavam um pequeno
buraco no chão, fazem suas necessidades fisiológicas, e, depois, puxam com as
patas dianteiras a terra solta decorrente da escavação, por cima do produto
despachado, até que a evacuação não emite mais cheiro desagradável.
Para este
ritual de evacuação, os gatos revelam, ou esperteza ou preguiça. Ainda falta
apurar esta característica, porque gostam de escolher o espaço da horta, no meio
das hortaliças, pois, já devem ter aprendido por experiência, que ali a terra é
solta e fácil de ser removida para uma cavidade, a fim de proceder o movimento
peristáltico na maciez da fofura do solo.
Já os gatos
que caíram nas mãos humanas doentias, são bloqueados para este solene ritual de
defecação. Forçados a fazer xixi e cocô, nos banheiros humanos, ali produzem
algo que é contra a sua natureza: deixam que seu cocô e seu xixi emitam mau
cheiro, não apenas no banheiro, mas, também pela casa ou no apartamento. De
tanto que se acostumam ao cheiro fétido, nem desejam mais outra coisa do que
este ambiente de odores graveolentes. Trata-se de uma espécie de “Brain Rot”
(Cérebro podre) que os acomete, e, de tanto que se acostumam com ares fétidos,
nem desejam mais ar puro da natureza e do meio-ambiente.
Reféns da
morbidez humana, os gatos da compensação afetiva destas criaturas carentes e
extraordinariamente intelectivas, tornam-se literalmente relaxados. Nem reagem
mais ao cocô que espalham no banheiro ou nos outros ambientes da casa; e passam
a viver num ambiente de m (*).
Como fazem
xixi no chão do banheiro e pisam sobre o dito xixi, espalham seu odor pelo colo
dos que os afagam e também sobre cadeiras, poltronas, camas e tapetes. Esta
promiscuidade, gera um ambiente muito desconfortável nas pessoas não
contaminadas pela Gatose, que as visitam. Além do mais, quando os felinos
adoentados se tornam o assunto principal das conversas, a digestão da
conversação não sobe ao cérebro humano e nem desce ao estômago humanóide.
Resulta, então, aquele refluxo causticante a produzir ardência na garganta,
isto, sem mencionar os gases indecisos que não sabem se sobem no rumo do
cérebro podre ou se descem ao “forébis” para um despacho volátil pelos ares.
Entre os
prejuízos que a Gatose provoca nos gatos domesticados, também está a perda da
destreza, da acuidade e da paciência para esperar uma caça. Acostumados aos
granulados, viram obsessivos por comida. Com excesso de peso e perda progressiva
da rapidez para se locomover, estes gatos tornam-se incapazes de caçar para
assegurar alimento que lhes seria saudável. Por isso, acomodam-se à rotina de
esperar os granulados coloridos e crocantes e, para preencher seu tempo ocioso,
voltam, a cada poucos instantes, para comer até exaurir o que está na travessa
servida, a única fonte de satisfação, tanto libidinosa, quanto de preenchimento
do tempo monótono.
Mais outro
efeito da simbiose felina com humanos doentes, é o da estranheza diante dos
próprios congêneres. Assustam-se ao verem gatos saudáveis, magros, ágeis,
espertos e atentos, capazes de saltos ornamentais e de proezas fantásticas em
seus jogos lúdicos, pois, acostumados a uma rotina enfadonha, de um dia como
outro, já não sabem mais o que fazer junto aos seus familiares e parentes
próximos.
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