Todo ano
quando celebramos a memória dos proeminentes esteios da vida cristã católica,
São Pedro e São Paulo, podemos nos encher de grata recordação relativa à
profunda mudança no modo de ser e de viver que foram peculiares na vida destes
dois santos.
Os dois
nasceram em lugares distintos, tiveram socialização distinta e trabalharam de
forma distinta. Ambos absorveram da infância traços temperamentais que os
tornaram difíceis no relacionamento, mas, em comum tiveram o coração aberto
para acolher o projeto de Jesus Cristo.
Se o
percurso pessoal de um deles era totalmente diverso do outro, nem por isso
deixaram de revelar algo comum: um itinerário de vida que se tornou
progressivamente mais coerente com a vida de Jesus Cristo. A história de cada
um, por lugares e serviços distintos, encarnou a manifestação viva do Cristo
salvador.
Pedro foi
mais sistemático, organizado e legislador; Paulo foi mais carismático e mais
aberto às novidades que emergiam do encontro do Evangelho com outras culturas.
Assim, por caminhos diferentes os dois concorreram para serviços fundamentais
na formação das comunidades seguidoras de Cristo.
Se o modo de
se portar, de pensar e de agir, tanto de Pedro como de Paulo, nem sempre
convergia para a mesma conclusão, é edificante observar que procuraram diálogo
e discutiram abertamente suas divergências. Também revelaram a rara capacidade
de ceder diante de uma evidência de bom-senso que poderia fazer bem no caminho
da vida dos discípulos de Jesus Cristo.
O que mais
se salienta da memória dos dois santos é o seu testemunho de Jesus Cristo e a
capacidade de integrar sofrimentos, perseguições e difamações decorrentes do
testemunho.
É igualmente
grato perceber que tanto Pedro como Paulo tenha desfrutado de muita estima e de
muita empatia por parte das comunidades que animaram. Diversos textos salientam
como muitas comunidades eram solidárias aos seus sofrimentos e rezavam por
eles. Inclusive muitas pessoas se tornaram verdadeiros anjos, ou seja, sinais
de Deus nos momentos difíceis destes dois apóstolos.
Se Pedro foi
agraciado com o poder das chaves para vincular na terra as coisas do céu, não
foi certamente um ato de precedência e de honra, mas, constatação do que estava
fazendo a partir do aprofundamento da sua fé. É neste belo itinerário de fé que
cada batizado também é convidado a ativar a chave capaz de abrir as portas para
que mais coisas de céu se manifestem no meio da fragilidade humana aqui na
Terra.
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