segunda-feira, 11 de julho de 2016

Intimidade esvaziada



Com a inaudita publicidade do prazer,
Tornou-se central em qualquer lazer,
A  propugnação de fantasias eróticas,
Com moralidade de ações despóticas.

Mesmo quem casa por excelso amor,
Vê declinar em pouco tempo o fervor,
De ser fiel a um juramento declarado,
E acaba no tedio do rotineiro enfado.

O mito da felicidade sem fim do sexo,
Praticado sem amor e sem complexo,
Esvazia o nobre respeito à intimidade,
E anula rica e grandiosa peculiaridade.

Com o falso mito do apogeu de transar,
Alia-se a obsessão de poder compensar,
Os recalques e frustrações emocionais,
E o amor some em saltos excomunais.

Na exaustão da novidade das formas,
Das fantasias e maneiras sem normas,
Exaure-se toda complementariedade,
E tudo vira objeto de descartabilidade.
O que deveria desencadear felicidade,
Causa desencanto e vazio à saciedade,
E reduz a vida a decepção causticante,
Sem projetos que a tornem edificante.

Sob a infelicidade que gesta frustração,
Os dias somente aumentam prostração,
E movem fantasias com outros braços,
Nas hipóteses plenas de outros regaços.







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