É altamente
surpreendente como o discipulado de Jesus Cristo desperta, em nossos dias, o
caminho inverso do caminho efetuado por ele, e, que consiste em valer-se da
pregação de um discurso cristológico para uma ascensão triunfalista.
Em nome da
fé a ser alargada, prega-se um moralismo casuístico para produzir servos e
súditos, com muitos ditames e intermináveis normas a serem seguidas. Na medida
em que a influência aumenta, aumenta também o rigor e a insistência para que os
súditos cumpram rigorosamente os preceitos indicados. E tudo passa pelo
imperativo categórico: “Faça isso e mais aquilo...”.
Não se abre
nenhuma questão aberta que possa ser avaliada e discernida, pois tudo é ordem
rigorosa. E o que se produz neste contexto? Muita rivalidade, competição e
mesquinharia em torno de precedência. Fica a impressão de que a coisa mais
importante e central da comunidade, é aparecer, custe o que custar, e, mesmo
que exija humilhação de outras pessoas da comunidade. Como na sociedade em
geral, o que mais parece mover as pessoas, é a ideologia do poder. Assim, o que
Jesus disse torna-se mera redundância mediadora para galgar ascendência sobre
outras pessoas.
Diante deste
quadro, torna-se oportuno relembrar a memória de Cristo, conforme Mateus
10,35-45, pois, mais importante do que proclamar belamente uma declaração em
torno da fé, faz-se necessário não pensá-la como simples mediação para aumentar
glória e domínio.
Conhecemos
tão bem como uma tentação diabólica faz muitas pessoas atuarem na comunidade,
somente para assegurar vantagens de poder e de controle.
Jesus
orientou seus discípulos para uma linha de ação frontalmente contrária à
ideologia do poder que se manifestava em seu tempo: tornar-se grande, não pelo
poder, mas, pelo serviço abnegado em favor de outros.
Podemos
perceber que a dificuldade manifestada pelos discípulos que acompanhavam Jesus,
continua a ser uma dificuldade manifesta em nossas comunidades cristãs. Ali,
pouca gente pensa em contribuir para o bem comum como servo. Muitos, no
entanto, agem como reis ou rainhas.
Por
conseguinte, torna-se oportuno que possamos avaliar as relações comunitárias
para perceber que possivelmente predominam mais inclinações em favor da
superioridade e dos privilégios pessoais do que de humilde contribuição de
serviço a favor do reino de Deus que tanto esperamos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário