quarta-feira, 14 de outubro de 2015

A tentação do triunfalismo



            É altamente surpreendente como o discipulado de Jesus Cristo desperta, em nossos dias, o caminho inverso do caminho efetuado por ele, e, que consiste em valer-se da pregação de um discurso cristológico para uma ascensão triunfalista.
            Em nome da fé a ser alargada, prega-se um moralismo casuístico para produzir servos e súditos, com muitos ditames e intermináveis normas a serem seguidas. Na medida em que a influência aumenta, aumenta também o rigor e a insistência para que os súditos cumpram rigorosamente os preceitos indicados. E tudo passa pelo imperativo categórico: “Faça isso e mais aquilo...”.
            Não se abre nenhuma questão aberta que possa ser avaliada e discernida, pois tudo é ordem rigorosa. E o que se produz neste contexto? Muita rivalidade, competição e mesquinharia em torno de precedência. Fica a impressão de que a coisa mais importante e central da comunidade, é aparecer, custe o que custar, e, mesmo que exija humilhação de outras pessoas da comunidade. Como na sociedade em geral, o que mais parece mover as pessoas, é a ideologia do poder. Assim, o que Jesus disse torna-se mera redundância mediadora para galgar ascendência sobre outras pessoas.
            Diante deste quadro, torna-se oportuno relembrar a memória de Cristo, conforme Mateus 10,35-45, pois, mais importante do que proclamar belamente uma declaração em torno da fé, faz-se necessário não pensá-la como simples mediação para aumentar glória e domínio.
            Conhecemos tão bem como uma tentação diabólica faz muitas pessoas atuarem na comunidade, somente para assegurar vantagens de poder e de controle.
            Jesus orientou seus discípulos para uma linha de ação frontalmente contrária à ideologia do poder que se manifestava em seu tempo: tornar-se grande, não pelo poder, mas, pelo serviço abnegado em favor de outros.
            Podemos perceber que a dificuldade manifestada pelos discípulos que acompanhavam Jesus, continua a ser uma dificuldade manifesta em nossas comunidades cristãs. Ali, pouca gente pensa em contribuir para o bem comum como servo. Muitos, no entanto, agem como reis ou rainhas.

            Por conseguinte, torna-se oportuno que possamos avaliar as relações comunitárias para perceber que possivelmente predominam mais inclinações em favor da superioridade e dos privilégios pessoais do que de humilde contribuição de serviço a favor do reino de Deus que tanto esperamos.

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