sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O torpor da quentura



Estiagem que tanto eleva a temperatura,
Já traz no frontispício pré-cognição dura:
A dos tempos vindouros sem desdouros,
Ceifando bem antes do tempo os louros.

Se os ânimos acompanham o estranho tédio,
Da pane do sistema biológico sem o remédio,
Como equilibrar o termostato normal da vida,
Para assegurar alento de bom futuro na lida?

O mui antigo imagético do aporte religioso,
Apontou o calor dos infernos ao desditoso,
Mas, ao racional e secularizado bom-senso,
A ambição no planeta indica triste dissenso.

Se para os próximos anos são preconizados,
Notáveis reações de efeitos descontrolados,
Vem o pânico infernal espalhando o torpor,
Dos cruéis satãs ingerindo tudo com o calor.

Desleixada a tradicional concepção religiosa,
Anda solto o mar da pretensão mui perigosa,
Que mata bem mais do que o fogo abrasador,
Pela diabólica maneira do agir desbravador.

Como as folhas forçadas a cair antes da hora,
Seres humanos já fenecem pelo mundo afora,
Antes do ciclo natural da vida, tida como dom,
E do planeta condenado a estágio nada bom.

Nem eventual apelo ao frio dos pólos polares,
Seria suficiente para garantir os amenos ares,
A latejar tão anelados por mais vida na Terra,

Enquanto ambição desmedida tudo emperra.

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