segunda-feira, 1 de setembro de 2025

O FAUSTO PEDANTE

 

 

Falta remédio para suportar um sujeito,

Todo metido a sabidão que, sem defeito,

Alardeia freneticamente o que não sabe,

E ousa ser pedante no que não lhe cabe.

 

Vangloria-se da esperteza e sabedoria,

Com a análise de sofisticada artilharia,

Para desmascarar vasta burrice alheia,

Apesar de estaqueado na própria peia.

 

Arrogante, sabe rir muito de si mesmo,

Para narrar como deixou outros a esmo,

Com sua perspicácia para captar a falha,

De algum vivente que caiu na sua malha.

 

Atrevido na falação sobre lidas alheias,

Sempre muito superior às frágeis teias,

De fracos analisados com farta minúcia,

Na sua esperta e extraordinária astúcia.

 

Gaba-se a si mesmo, da rara sabedoria,

Pela qual flagra erro e deslize de mania,

Dos que se proclamam muito espertos,

E, sobre o como, os deixa boquiabertos.

 

Só não percebe o quanto a sua chatice,

Vive parolando de uma vulgar mesmice,

Que irrita por ar ostentoso e exagerado,

Ao se achar o condescendente estimado.

 

Acha-se sabe-tudo com a opinião única,

De um analista de visão unilateral cínica,

Duma visão ultra-direitista conservadora,

Sem tolerar uma hipótese questionadora.

 

A pomposidade da sua erudição de trela,

Apenas esconde o umbigo sob sua fivela,

Porque tudo gira em torno do que sabe,

Sem desconfiar que a sua lisura desabe.

 

É fausto que se considera feliz e ditoso,

Mas patina como indigesto presunçoso,

Vitimado pela sua imprópria vanglória,

Que não lhe aufere esmilinguida glória.

 

 

 

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