sexta-feira, 12 de setembro de 2025

NOVO VERBO PORTUGUÊS

 


Passou o furacão de infindas ameaças,

E bonança acalantada de boas praças,

Fez nascer um verbo novo e inusitado,

O de “fuxar”, como o verbo aloprado.

 

É derivado de “fuçar” ou bisbilhotar,

Para remexer, adaptar e investigar,

E apresentar de forma desordenada,

Uma bela justificativa desamparada.

 

Fuxar constitui impreterível garantia,

Da mais excelsa e proeminente valia,

De relativizar qualquer alta instância,

Para realçar valor de outra substância.

 

Leis e regimentos são para inferiores,

E para muitos politiqueiros desertores,

Que não votaram no ditame acertado,

E mudaram bom resultado aguardado.

 

 

Assim, fuxar enseja usar derivados,

Com seus polissêmicos significados,

Para a bela justificativa intencional,

Que defenda tudo o que é irracional.

 

Importa pose com nobre ar triunfal,

Para um sofístico argumento cabal,

Que possa remeter ao improvável,

E salvar a vítima de modo louvável.

 

Nos fatos notórios de conspiração,

Deve-se considerar a boa intenção,

De movimentos e enleios barbacãs,

Com desvelo pelas pessoas cidadãs.

 

Passada a saturação das fuxagens,

Virá o novo estágio de futucagens,

A insinuar que dito foi um desdito,

E tudo se reverterá para o bendito.

 

Propugnar-se-á tudo o que convém,

Para estratificar a paz que faz bem,

Com líder carismático e seu séquito,

Sábio a governar de modo intrépido.

 

Único efeito mórbido do verbo fuxar,

É que ele vai permanecer no sufocar,

Com um bombardeio de informações,

Sobre as mais lídimas boas intenções.

 

Em suma, alguém deixaria de “fuxar”,

Para um bom correligionário resgatar,

E assegurar as privilegiadas benesses,

Sobre ingratas e imprevisíveis messes?

 

 

 

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