terça-feira, 23 de setembro de 2025

NA SEMEADURA DO ÓDIO

 

 

Escandalosa mobilização do Congresso,

De privilegiados em seu ativo processo,

E movidos por um velho ranço de ódio,

Tornaram público lamentável episódio.

 

Escândalo feio dos lutadores carrascos,

Já acostumados à ocultação de fiascos,

Seguros no cargo público proeminente,

Agem sob um tendencioso precedente;

 

Afrontam e desrespeitam supremas leis,

Certos de anistiar os infratores das greis,

A fim de permitir que possam continuar,

Na bandalheira golpista de procrastinar.

 

Velha tradição histórica de manipulação,

Subjaz no fundamento na contravenção,

Age-se muito acima e contra lei vigente,

E depois se recupera cargo precedente.

 

Encantados pelos regimes totalitários,

Decidem e votam projetos temerários,

Amparados pelas seguranças armadas,

E as polpudas vantagens conquistadas.

 

Blindam-se com regras e fartos direitos,

E, em nada, lhes importam os preceitos,

Do agir a favor do bem comum coletivo,

Bem imobilizado e sem nenhum lenitivo.

 

O bem comum, refém do agir carrasco,

Ficou indefeso na politicagem de asco,

Com agentes definidores das decisões,

A definir regras para as suas provisões.

 

Como não surge voz a dizer que basta,

A primavera, deste ano, reagiu à casta,

Aglutinou de esquerdistas a direitistas,

Contra blindagem e anistia a golpistas.

 

A voz da insatisfação expressa nas ruas,

Exigindo respeito com menos falcatruas,

E que potência estrangeira não obedeça,

Para vingar com ódio, que tudo esvaeça.

 

Insatisfação elevada contra a delinquência,

Mesclada com uma política de indecência,

Não serve para legislar em favor do povo,

Sem apontar para o democrático renovo.

 

 

 

 

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

SOB O SACO DO REQUEIJÃO

 

 

O saco do requeijão requer uma hermenêutica complicada para que se possa entender o seu significado. A dificuldade envolve as duas palavras, devido à polissemia dos seus significados. Além das conotações, envolvem metalinguagens, e ainda, alguns sentidos de entrelinhas não escritas, ou seja, não é sempre bem aquilo que se diz com a palavra.

Começando pela palavra “saco”, o seu significado requer uma enciclopédia mental para constatar o que a utilização da palavra realmente quis expressar e, ainda mais: as palavras acrescidas, complicam com, elevados graus, a clareza do significado, como “saco cheio” ou “saco vazio”; saco, em sentido figurado ou conotativo; saco, como estado afetivo-emocional; saco, limpo ou sujo; saco plástico ou de couro; saco de pano ou de lona; saco “beg” ou saquinho de sal; saco, furado ou bem costurado; e assim vai...

Na fala com entrelinhas, fala-se em cair o saco, em saco da mulher, em puxa-saco, em dizer que algo é um saco; em saco cheio e, em muito outro enleio. Assim, ao se dizer que Fulano está coçando o saco, podia a expressão significar que está ansioso, numa expectativa, que está com tédio, sem saber o que fazer, ou até por fatores de hábito cultural, para dar a entender que queria ser visto como sujeito muito macho, barbaridade tchê!

A toda hora, nem apelação ao VAR conseguia clarear o significado de “cair o saco”: em primeiro lugar, qual; depois, porquê?; e, ainda, de onde que caiu. Afinal, era um saco de garupa, como dizem os gaúchos? E se foi saco de garupa, era de lona, de pano ou de couro? Ademais, estava sobre o cavalo encilhado, ou nos ombros do vivente, carregando algum produto para casa? Ou seria, enfim, algum processo fisiológico do peso dos fragmentos seminais de homem chato e impertinente?

Entretanto, o que mais requeria hermenêuticas, era a expressão “saco cheio”, que podia ser referência de metáfora para expressar saturação e sobrecarga de atividades desgastantes, ou, apenas referir-se a saco de milho, de café, de soja, ou de feijão, ou de açúcar, embora, também pudesse estar no foco, algum outro sentido figurado ou simbólico.

Para que este assunto também não vire um saco, convém mencionar a palavra “requeijão”. Basicamente resulta do leite coagulado, ou por coagulação ácida ou enzimática. Desta massa, chamada de coalhada, processa-se o queijo fundido, - cozido ou não, - mas, acrescido de grande variedade de aditivos, como gorduras saturadas, óleo de manteiga, sódio, e, mais alguns produtos que, finalmente, o deixam irresistível: a condição de ser cremoso.

Se é cremoso, produz na fantasia, aquela magia de algo suave e pastoso, e, com isso, remete a outro significado: ser carinhoso, fofo, meloso e muito gostoso. Em sua essência, a palavra “cremoso”, remete a significados polissêmicos do campo da paixão humana: a propriedade de ser viscoso, pastoso, liso, fácil e substancioso.

Feito este preâmbulo, pode-se, então, chegar a mais um significado de “saco de requeijão”. Enquanto que na cultura de influência italiana, era normal o consumo de muito queijo, com polenta, salame, “radiche” e tantas outras iguarias apreciáveis, entre os descendentes alemães, demorou a se assimilar o consumo de queijo, mas, era cotidiano o uso de requeijão. Com técnica menos refinada do que o das atuais indústrias de laticínios, deixava-se o leite numa vasilha aberta e exposta em algum lugar, a fim de que virasse coalhada. Entrava, então, o outro elemento: o saco.

Na verdade, era habitual a utilização dos sacos de sal, que continham cerca de vinte quilos deste produto. Ao serem esvaziados, estes sacos eram lavados e alvejados, e, então, passavam a ter a função de separar o soro da coalhada. Geralmente pendurados no lado da janela da cozinha, para fácil acesso, quando o soro havia se sumido do saco, a massa era recolhida, amassada com garfo, acrescida de nata e sal e constituía, assim, o requeijão. Este, era passado no pão de milho: primeiro vinha uma camada de “Schmier” (doce de frutas com melado de cana ou açúcar), depois, a camada de requeijão e, por cima desta camada, mais um pouco de nata para que esta cobertura, como o merengue das tortas, deixasse a fatia de pão bonita e atraente.

Atualmente as indústrias de laticínios fabricam algo similar ao requeijão, como o Quaker ou queijo frescal e nata, mas, nenhum destes produtos, isolados ou misturados, chega ao sabor do requeijão caseiro, junto com pão de milho. No lugar da cremosidade, pastosidade, suavidade, lisura, e frescura do requeijão atual, o requeijão caseiro ainda não tinha absorvido a dimensão carinhosa, melosa e com jeito gostoso.

Segundo a hermenêutica de um amigo, a cremosidade estaria sendo a grande causa dos desvios de conduta e da perda da identidade de masculino e feminino. Talvez não seja, mas, a palavra cremosa é altamente hipnótica para induzir ao consumo. Afirmar que um sorvete é cremoso, que um picolé é super-cremoso, que o requeijão e tanto outro produto, como o café, é macio e cremoso, constitui a mais efetiva e sedutora publicidade para seu consumo.

Aquele saquinho, que uma vez era para conter o sal, na qualidade de filtro separador do soro do leite da coalhada, não ficava muito ausente das conversas cotidianas mais antigas em ambientes de descendência alemã: muito complicado para ser lavado, devido à absorção da gordura do leite, constituía o símbolo do cheiro azedo do soro, e do mau-humor. Nada ficava mais hilário quando alguém contava a história de mulher que tinha batido este saco de requeijão na cabeça do marido. Era sua arma e o símbolo máximo do empoderamento da mulher, diante do marido machão ou bêbado.

Alguém vir a ser gozado de que levou o saco de requeijão na orelha, constituía a mesma coisa do que lhe dizer: enfim, caiu o saco! Você, agora, está com a natureza máscula escafedida.

 

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

O FAUSTO POLÍTICO

 


Fausto é homem de sabedoria infusa,

Certamente inspirada por uma musa,

Distante do senso crítico e analítico,

Para evidenciar-se como um político.

 

É assecla de canalizadas informações,

Do pensamento único de orientações,

Sob as quais, não existe meio-termo,

Mas somente a solidez de estafermo.

 

Bom correligionário do lado do bem,

Sabe tudo o que aos outros convém,

Porque sua visão superior e dilatada,

É ser universal para qualquer alçada.

 

É sequaz defensor do autoritarismo,

Colocado bem acima do patriotismo,

E contra a democracia participativa,

Eivada de presença esquerda lasciva.

 

Sectário fanático do estado mafioso,

Sabe demonstrar seu poder raivoso,

Com os que não concordam com ele,

Porque são asquerosos inimigos dele.

 

Para o Fausto, não existe negociação,

Nem mesmo proposta para refutação,

Porque é hiper-cínico contra inimigos,

E um defensor implacável dos amigos.

 

Venera outro país mafioso e valente,

Atroz contra toda opinião diferente,

Que explora a fragilidade dos fracos,

Mas promove a astúcia de velhacos.

 

É defensor da caça aos insubmissos,

Para que se sumam em seus enliços,

E encontrem o asilo em outro lugar,

Para não poderem vir a importunar.

 

Fausto se acha o democrata versátil,

Sob a escuderia de uma mente fútil,

Que é a ostensiva e cínica matadora,

E que produz difamação demolidora.

 

Defende atrocidade aos adversários,

Armamento pesado contra corsários,

Para afirmar o controle hegemônico,

Sobre o eventual regime antagônico.

 

Seu entusiasmo pela guerra armada,

Engole seu pouco senso de camarada,

Porque no ciclo do seu ódio cultivado,

Nem vê fome e miséria em algum lado.

 

Fausto herdou um velho preconceito,

Que não apoiar a direita é um defeito,

E que pobre insatisfeito merece ódio,

Sem recurso para deixar de ser ímpio.

 

Assim, Fausto defende poder tirânico,

Porque vê, em tudo, o poder satânico,

Que mediante graça do deus guerreiro,

Deve ser eliminado pelo poder ordeiro.

 

Fausto não percebe tragédia da guerra,

Quer a luta pelo que uma paz emperra,

Pois a pressupõe como a “pax romana”,

Silêncio forçado por uma mente insana.

 

 

 

domingo, 14 de setembro de 2025

O FAUSTO PIEDOSO

 

 

Sem nunca ter lido livro de teologia,

É especialista em fanática apologia,

Da prática conservadora de Igreja,

De solução categórica na bandeja.

 

Acha que sabe mais do que Deus,

Opina acerca de humanos corifeus,

E muito fiel na prática de piedades,

Sem afetar as suas arbitrariedades.

 

Para ele, Igreja é somente a antiga,

Ação de Deus contra a ação inimiga,

A firmar na Terra o seu modo de ser,

Para um reino de Deus engrandecer.

 

Trata-se não do reino de Jesus Cristo,

A gestar relacionamento benquisto,

Mas o domínio da sociedade perfeita,

No autoritarismo de refinada espreita.

 

Move-se a combater o diabo maligno,

Que atormenta todo piedoso benigno,

E o tenta na raiz da sua subjetividade,

Par seguir mau caminho da leviandade.

 

No homem determinado e categórico,

Fausto sente-se conversador retórico,

Que sabe orientar as atividades certas,

Para ninguém incidir nas lidas incertas.

 

Vale muito o que avós lhe ensinaram,

E que no caminho certo enveredaram,

Para rigor cotidiano de rezas piedosas,

Garantias para intercessões vigorosas.

 

Sabe explicar os graves erros do Papa,

E daqueles que estudam sem as capas,

Da honraria dos nobres de um tempo,

Porque estão vivendo no contratempo.

 

Feito um bundão protuberante de sofá,

Seleciona programa televisivo de Jeová,

Para saber haurir quanto pode ser feito,

E contornar todo e qualquer mau jeito.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

NOVO VERBO PORTUGUÊS

 


Passou o furacão de infindas ameaças,

E bonança acalantada de boas praças,

Fez nascer um verbo novo e inusitado,

O de “fuxar”, como o verbo aloprado.

 

É derivado de “fuçar” ou bisbilhotar,

Para remexer, adaptar e investigar,

E apresentar de forma desordenada,

Uma bela justificativa desamparada.

 

Fuxar constitui impreterível garantia,

Da mais excelsa e proeminente valia,

De relativizar qualquer alta instância,

Para realçar valor de outra substância.

 

Leis e regimentos são para inferiores,

E para muitos politiqueiros desertores,

Que não votaram no ditame acertado,

E mudaram bom resultado aguardado.

 

 

Assim, fuxar enseja usar derivados,

Com seus polissêmicos significados,

Para a bela justificativa intencional,

Que defenda tudo o que é irracional.

 

Importa pose com nobre ar triunfal,

Para um sofístico argumento cabal,

Que possa remeter ao improvável,

E salvar a vítima de modo louvável.

 

Nos fatos notórios de conspiração,

Deve-se considerar a boa intenção,

De movimentos e enleios barbacãs,

Com desvelo pelas pessoas cidadãs.

 

Passada a saturação das fuxagens,

Virá o novo estágio de futucagens,

A insinuar que dito foi um desdito,

E tudo se reverterá para o bendito.

 

Propugnar-se-á tudo o que convém,

Para estratificar a paz que faz bem,

Com líder carismático e seu séquito,

Sábio a governar de modo intrépido.

 

Único efeito mórbido do verbo fuxar,

É que ele vai permanecer no sufocar,

Com um bombardeio de informações,

Sobre as mais lídimas boas intenções.

 

Em suma, alguém deixaria de “fuxar”,

Para um bom correligionário resgatar,

E assegurar as privilegiadas benesses,

Sobre ingratas e imprevisíveis messes?

 

 

 

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

DA SANTIDADE VENERADA À CELEBRIDADE INSINUADA

 

 

A santidade já destituída do seu prestígio,

Foi substituída por novo tipo de prodígio,

O de sugestivos shows com muitas graças,

Da artística celebridade diante de massas.

 

Mais efêmero que vida de santos e santas,

E, sem história de atividades sacrossantas,

Ele substitui os ícones referenciais de vida,

Pela notoriedade da sua extravagante lida.

 

1

SINTOMAS DO DESLOCAMENTO

 

Muito acima dos santos despidos,

Estão belos machos consagrados,

Movidos pelo núcleo conservador,

Desta Igreja de saudosista pendor.

 

A marca da santidade sem sagrado,

Tem profetas como no velho legado,

Que já não insinuam uma santidade:

Só a ampla adoração da celebridade.

 

Sob sacralização intensa e persuasiva,

Na profana e leiga condição afirmativa,

Pessoas muito agraciadas pela religião,

São feitas as celebridades de adoração.

 

Se, a vida de santos e santas pessoas,

Remetia a seus gestos de coisas boas,

Sinais de misericórdia e de compaixão,

Convergiam na eucarística motivação.

 

Enquanto cristianismo separou profano,

Do mundo sagrado, contra todo insano,

A sacralidade do atual quadro hodierno,

Cria sacerdote sacro de perfil moderno.

 

Nada voltado para o céu acima da terra,

Só para o âmago da perfeição na galera,

Sem os traços peculiares de Cristo Jesus,

Mas, com esnobação de veste que reluz.

 

Sem o estilo de rezar, andar e partilhar,

Do peregrino, discípulo sem acanalhar,

Já não visa o alegre anúncio e a bênção,

Nem qualquer consolo ou confirmação.

 

Já não se enxerga como dom para ungir,

Ou como inserido para elevação atingir,

Corresponsável para procurar e buscar,

Pastor, com cheiro da ovelha a resgatar.

 

Sem sentir-se um sacramento da Igreja,

Mergulhado na frágil e humana peleja,

Muito menos ainda, de Igreja em saída,

Quer Igreja de larga ascensão induzida.

 

Mergulhado no fenômeno patológico,

Do clericalismo pedante e ideológico,

Não é nenhum ímã de serena ternura,

Nem seu olhar é oblativo para doçura.

 

Seu projeto e anseio, focam elevação,

No encanto do caminho de promoção,

Como a figura totêmica de espetáculo,

A fisgar com teatralidade o tentáculo.

 

Dali alarga-se uma fortaleza de prestígio,

Pois, amplia admiradores do seu fastígio,

E ele consegue ser mistificado e célebre,

Obstinação pelo seu próprio deslumbre.

 

Sente, então, que é modelo a ser seguido,

Sem mínimo risco de vir a ser perseguido,

Pois se adapta ao mimetismo de ser ídolo,

Sem a menor obrigação de ser benévolo.

 

Sabe que, mais importante que santidade,

É consolidar-se no público para majestade,

Sob customização da avançada divulgação,

Da publicidade para a sua linear afirmação.

  

2

OPÇÃO PREFERENCIAL

POR MACHOS

 

Sedução fascinadora pelo destaque social,

Não estimula para dedicação exponencial,

Favorável ao reino dum mundo mais justo,

Mas, aponta para elevação do ser augusto.

 

Pouco importa erudição bíblica e teológica,

Mas, interessa muito a estética fisiológica,

Com a musculação vistosa e proeminente,

De um religioso autoritário e ascendente.

 

No ditame da velha concepção patriarcal,

Tradicional disciplina da postura triunfal,

Aponta belo rumo católico aristocrático,

Para um esbelto e musculoso dogmático.

 

Lida dura de muitas horas em academia,

Pressupõe que um corpo sarado inebria,

Para remeter à espiritualidade vigorosa,

Similar a um diletante da força poderosa.

 

Um vetusto perfil do reverendo macho,

Sob a saudosista devoção de penacho,

Ainda desperta no imaginário coletivo,

O desejo da prática do religioso altivo.

 

Muita romaria de vistosa ostentação,

A retomar velha piedade de redenção,

Não interfere em desafios ético-morais,

E eleva ao céu os detalhes ornamentais.

 

A defesa de que pessoa sarada é santa,

E que toda pessoa que a outros encanta,

Remete à santidade divina para salvação,

É mediada pela boa aparência do corpão.

 

A auréola que contornava cabeça santa,

Reluz agora em corpo sarado que encanta,

Para atrair os milhares de seguidores fiéis,

Apaixonados e devotados a seus miragéis.

 

O foco luminoso de ser estrela brilhante,

Através da projeção midiática exuberante,

Projeta-o a venerado para ser consumido,

Feito uma mercadoria de poder induzido.

 

No gosto da consciência religiosa popular,

Desfralda a sua celebridade toda peculiar,

Feito um especial instrumento ideológico,

Com o discurso suave e eudemonológico.

 

Importa que a multidão de fãs e seguidores,

Não abandone espiritual bênção de favores,

Somente alcançável pelo vínculo midiático,

E pelo mimetismo do seu modo simpático.

 

Alarga o domínio com adornos de fetiche,

De broches, bênçãos e modos de pastiche,

Para que seja imitado no seu modo de ser,

Como modelo mágico para se enriquecer.

 

Cria a relação fechada e interdependente,

Na qual fãs o protegem de ato incoerente,

E não permitem que caia o seu esplendor,

Porque depende dum suporte ostentador.

 

Sabe que sem um crescimento do séquito,

Sua celebridade despenca ao supino óbito,

E ele passará a ser ignorado e descartado,

Como qualquer e tanto outro lixo ignorado.

 

3

CELEBRIDADE PARA CONSUMO

 

Sob a divulgação da santidade milagrosa,

Santos e santas receberam força vigorosa,

Para consumidores desejosos de milagre,

A permanecerem no devotamento pobre.

 

Campanhas religiosas disputavam os fiéis,

Para se vincularem aos santos nada infiéis,

E venerá-los, para obter graças e favores,

E deles haurir as facilidades com fulgores.

 

As táticas da vasta publicidade religiosa,

Alcançaram uma repercussão prodigiosa,

E até disputa em torno de santo popular,

Que mais ajudava de forma espetacular.

 

Santas e santos, considerados célebres,

Viraram referências capitalistas céleres,

Para celebridades virem a ser lucrativas,

Com o consumo das suas lidas efetivas.

 

Os seus hábitos e suas falas consumíveis,

Como estrelas para os anelantes incríveis,

Fariam deles objeto de venda e consumo,

Agradável e gostoso para seguir seu rumo.

 

Quanto mais gente seguidora de um ídolo,

Mais a sua palavra ecoa para ser adorado,

E mais seu jeito é sustentado como certo,

Na manipulada mídia dum agente esperto.

 

Gesta larga opinião sem ínfima criticidade,

Encantado com a desregrada subjetividade,

Deste seu ídolo, o referencial bem-sucedido,

Que, em tudo, precisa ser imitado e seguido.

 

Se, acaso, alguém discordar do que ele diz,

É inimigo, que desrespeita bom elã motriz,

Do líder sagrado, situado acima do humano,

Adorado, mesmo se é contraditório insano.

 

Quanto mais elevado à estratosfera divina,

Tanto mais requer a paixonite que o mima,

Porquanto sem a adoração cai sua estrela,

E outro mitificado herói, terá sua chancela.

 

 

EPÍLOGO

 

Estratégia da indústria cultural midiática,

Assim como eleva brilho da performática,

De corpo sarado, musculoso a ser olhado,

Nada remete ao pretenso mundo sagrado.

 

A celebridade, volátil, fugaz e descartável,

Só se mantém em proeminência palatável,

Enquanto aumenta o retorno de consumo,

E, depois, que se aventure em outro rumo.

 

A própria mídia se encarrega de difamá-lo,

Quando outra celebridade pode destituí-lo,

E escolhe a mercadoria que vende melhor,

Atraente para obtenção dum lucro maior.

 

Assim a celebridade é criatura dependente,

Que carece de muitos fãs para ficar saliente,

Ao invés de santidade, sente-se angustiada,

E requer calmante para sorriso que agrada.

 

Para quem se estabeleceu num lugar santo,

Adornado para ser ídolo de brilho e encanto,

Enlevado pelo cetro da notoriedade sagrada,

Faz papel ideológico para uma falsa fachada.

 

Um instrumento útil da religiosidade profana,

Que com o seu brilho midiático bem promana,

Mimetismo consumista do sistema capitalista,

Que induz e justifica a voracidade consumista.

 

Voar na magia da fama, requer o mitificador,

Para granjear a simpatia de muito seguidor,

Que, normalmente, depende das falcatruas,

Para ampliar consumidores vorazes nas ruas.

 

Do notório expoente que agrega multidões,

Sobra o agente conformista aos borbotões,

Que apenas estimula santidade de consumo,

Benéfica a restritos, que nadam no acúmulo.

 

 

 

sábado, 6 de setembro de 2025

RENÚNCIAS BENÉFICAS

 

 

Com tanta coisa boa insinuada,

Para haurir felicidade dilatada,

Como o dinheiro, sexo e poder,

Aponta-se sucesso do aparecer.

 

Na aposta simpática e atraente,

Muito fácil para ficar contente,

Não se carece de olhar interior,

Mas, para a conquista superior.

 

A tentação de apego à riqueza,

E amor a si mesmo na inteireza,

Aponta o ego em primeiro lugar,

E, para largo destaque desfrutar.

 

Importa o aplauso e a admiração,

Fruto de reconhecida esnobação,

Pela etiqueta e vida extravagante,

Para aumentar seguidor anelante.

 

Jesus, ao sentir tal manifestação,

Sugeriu aos ouvintes da multidão,

Que se esvaziassem do seu “ego”,

Para um inovado estilo de apego:

 

Sair daquela adoração falseadora,

Ver família de forma renovadora,

Para interação generosa e cordial,

Sem domínio opressivo e desleal.

 

Apontava rumo conflitivo e difícil,

Para a convivência menos imbecil,

E abraçar forças com as fraquezas,

Para qualidade de boas inteirezas.

 

Carregar a cruz e não a passividade,

De seguir pífios ídolos na sociedade,

Para carregar a cruz de um caminho,

Desatrelado do atrativo descaminho.

 

Ao escandalizar alguns dos ouvintes,

O alerta sobre falso amor de acintes,

Apontava processo de meio inovador:

A efetiva mudança do mundo interior.

 

 

 

 

 

 

 

 

<center>VINHO NOVO</center>

    Jesus recomendou barril novo, Para um vinho bom de renovo. O vinho era o símbolo de festa, E não deveria deixa-la molesta.  ...