quinta-feira, 15 de junho de 2023

HIPERATIVIDADE COMO DISFARCE

 

 

No andar em ruas não vejo olhares,

Mas só vultos humanos unicelulares,

Focados num único e pequeno foco,

E sem habilidade de algum desfoco.

 

Com o online do cérebro no celular,

Na aparente conexão fria e acelular,

Some beleza do mundo circundante,

Ante fito na informação abundante.

 

Na rua, no consultório ou na polícia,

Todos hiperocupados e sem malícia,

Precisam denotar ocupação obreira,

Que dispensa uma atenção fagueira.

 

Nem olhar disperso, nem conversa,

Pois, importa uma atenção imersa,

No bélico bombardeio informativo,

Como o melhor do humano lenitivo.

 

O mundo fundo e vasto do olhar,

Nem desperta razões a antolhar,

Para desejos ou encantamentos,

Pois nada em fixos provimentos.

 

A aparente otimização do tempo,

Como ideal meio de passatempo,

Já não discerne algo importante,

Na vasta e multioferta alienante.

 

No grande mito que tudo distrai,

O cérebro antenado nada abstrai,

Do que possa dar razão e sentido,

Ao contingente humano esvaído.

 

Se tudo ocupa e nada diferencia,

O traço de valorar não potencia,

O inato valor genuíno e peculiar,

Para a interação humana alargar.

 

 

 

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