Vasto
programa de consumo nivelou as diferenças humanas para despertar em todas as
pessoas a mesma necessidade de comprar coisas para ser feliz. Enquanto
governantes disputam a hegemonia de maior poder de venda, cada vez mais,
pessoas vão se dando conta de que a esperança humana mais profunda clama por
outras coisas e que não fazem parte deste determinismo de ficar atrelado ao
poder de pessoas e organizações fortes.
Ainda que
possa ser um pequeno resto, há pessoas que encantam com seu programa de vida e,
impregnados por princípios cristãos, agem sem a obsessão de poder e de levar a
consumir. Constituem-se em portadores de um fermento capaz de levedar valores
para relações humanas que ainda são muito desejáveis: atenção à vida das pessoas,
mais do que a voracidade de acumulação e controle.
Antigas
deportações de proprietários de terras das proximidades do mar da Galiléia, em
Israel, ensinaram aquele povo sofrido a não desanimar diante das prepotências
imperialistas, como a dos romanos no tempo de Jesus Cristo. Curiosamente Jesus
não dirigiu sua primeira atenção aos influentes de Roma, mas àquela gente
sofrida que tinha sido espoliada de seus pertences e de suas terras.
Jesus
reconheceu naquela gente uma virtude rara: em vez de internalizar a maldade
romana, ainda cultivava a esperança de que Deus poderia ajuda-la.
Manifestava-se ainda uma retidão de coração. Por isso, Jesus declarou feliz
aquela multidão. Esta abertura ao agir de Deus, levava-a à solidariedade e à coesão
para não sucumbirem em resignação fatalista.
Jesus
salientou naquela gente o grande desejo de justiça, sem recorrer aos meios
violentos para obtê-la. Esta pobreza interior de desejar ardentemente algo
melhor, não visava uma exploração dos semelhantes para ascender socialmente à
custa deles.
Se Jesus
felicitou o modo de ser daquele povo das margens da Galiléia, estava,
simultaneamente, elogiando o senso de justiça que reinava naquele ambiente.
Tratava-se, evidentemente, de uma justiça muito diferente desta que nos guia nos
dias atuais. Por isso, da Galiléia espoliada de nossos dias, gente pobre,
humilde simples, de favelas e de tantas comunidades sem relevância social,
ainda se pode encontrar merecedores de elogio pelo seu senso de retidão, pelo
seu desvelo em favor da paz e da solidariedade. Parece que este modo de ser
ainda se revela mais simpático e eficaz para a construção de uma convivência
menos atribulada que a dos grandes gestores da vida pública.
Como nas
situações declaradas felizes por parte de Jesus Cristo, evidencia-se que hoje
estas mesmas situações apontam esperanças mais eficazes do que o da grande e
perversa manipulação humana para a felicidade e riqueza de poucas pessoas.
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