Em tempos de
raras notícias alentadoras, torna-se valioso lembrar o início da atividade
pública de Jesus Cristo, que, segundo Mateus (4, 12-23) salienta o anúncio do
Reino de Deus, e, já acompanhado de gestos que indicaram um rumo aos que ele
convocava para que o ajudassem a alargar a comiseração e os sinais indicadores
de um tempo novo.
Mateus
certamente lembrava que o antigo sonho despertado com a deportação das tribos
de Zabulon e de Neftali, - que estavam estabelecidas na região da Galileia, e
que foram deportadas para a Assíria no ano 732 antes de Jesus Cristo, - e se
encontravam em plena escuridão e ausência de razões para estarem contentes com
a vida, foram, naquela ocasião, convidados pelo profeta Isaías a cultivar uma
esperança na ação eficaz de Deus agindo no meio deles.
Mateus viu
no início da atividade de Jesus a confirmação daquela antiga esperança. Se
Jesus começou a fazer curas, certamente não as efetuou na perspectiva
curandeirista, mas, como sinal que apontava para um tipo de organização
solidária entre as pessoas, capaz de mostrar Deus presente no meio dos
acontecimentos.
O eixo do
discurso de Jesus, no entendimento de Mateus, era o da conversão. Por isso os
sinais realizados indicavam que a mudança de vida constituía uma condição
necessária para uma vida mais feliz. As pessoas teriam que sair do clima de
desânimo fatalista de apenas esperar que as autoridades estabelecidas
efetuassem as aguardadas ações humanitárias.
O que
surpreende na narrativa de Mateus é o do perfil dos primeiros convidados. Eram
pobres pescadores. Jesus, no entanto, lhes apontava uma vida de mais ação
humanitária, com vistas a “pescar” pessoas, e, com a novidade do que Jesus
apontava, esta ajudaria a serem mais felizes através da constituição de grupos
de solidariedade para rezar, partilhar a vida, e, através de nova forma de
celebrar o culto a Deus, gestar comunidades de boa convivência.
Os pobres
pescadores tiveram a capacidade de fazer renúncias do seu cotidiano e se
engajaram no anúncio dos traços mais importantes para que pudesse acontecer um
reino, - não de imperialismos e prepotências como estavam acostumados a
suportar, - mas, tratava-se de um reino de salvação. Assim como aderiram ao
projeto messiânico de Jesus Cristo, foram, progressivamente, adaptando seu modo
de ser e de lidar com as múltiplas fragilidades humanas que encontraram pela
frente, e foram se dando conta de que o discurso de Jesus era portador de uma
novidade da parte de Deus.
Relembrar
este episódio destacado por Mateus pode indicar-nos um discernimento para que a
renúncia a certas praxes cotidianas, pode nos abrir um caminho mais solidário e
de perspectivas renovadoras diante de um quadro social com poucas evidências de
salvação para os sonhados dias melhores.
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