Estamos sendo intensamente
estimulados para a obtenção do máximo de prazer, de satisfação e, com acesso a
recursos que evitem toda dor, todo desconforto e até mesmo o surgimento dos
sinais de decrepitude. O grande altar da adoração social é o da eterna
juventude e o das aparências para demonstrar bem-estar e felicidade.
Difícil
mesmo é alguém conseguir convencer outras pessoas a respeito da necessidade de
uma “com-versão”, ou seja, que percebam a necessidade de mudar a rota de suas
lidas, mudar de jeito e encontrar sentido a partir das dores e dos sofrimentos
vivenciados.
O quadro
hedonista oferece analgésicos, estimulantes, tonificantes, enfim, o que se pode
imaginar para ampliar a beleza, a capacidade de sedução e de venda da imagem,
que, afinal, sempre precisa ser encantadora. E o que acontece com o mundo real
e objetivo que envolve tantos sofrimentos?
O profeta
Zacarias (12,10 ss) viveu num tempo de decadência moral e religiosa e também de
muito desencontro com os países do entorno de Israel. Ao antever a
possibilidade de que a piedade e a forma de súplica religiosa não seriam
capazes de levar a uma mudança para algo realmente melhor, apontou a graça e a
consolação do que Deus poderia ajudar a fazer acontecer. Mas, simultaneamente,
indicava um remédio impreterível: passar por muito sofrimento para fazer
acontecer uma conversão de vida.
Quando os
discípulos expressaram, diante de Jesus Cristo, sua expectativa de uma salvação
fácil e isenta de dificuldades, ele os surpreendeu e falou a respeito do que ele
teria pela frente: muito sofrimento, muita rejeição, sobretudo das autoridades
dos velhos obcecados pelo poder, bem como diante dos sumos sacerdotes e dos
legisladores da época. Mesmo assim, convocou os discípulos a carregar esta cruz
de cada dia para segui-lo. Nada de vida fácil e anestesiada, nem por drogas
barbitúricas e nem por privilégios de mordomias.
A indicação
do caminho de Cristo deve ter causado tremenda dificuldade para os discípulos continuarem
a pensar que poderia ser um Cristo, isto é, o caminho que redime e salva.
Assim, mesmo para além dos desconfortos físicos, muitas pequenas mortes
precisam ser integradas a fim de permitir que a decrepitude final possa elevar
ao amor maior de Deus.
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