As duas
palavras tendem a desaparecer da conversa e da experiência pessoal de nossos
dias, porque somos induzidos ao contrário de seus significados: focar sempre
novos produtos de consumo e não pensar sobre fatos passados. Assim, nem
desenvolvemos consciência de atos e condutas inadequadas; e, tampouco sentimos
necessidade de perdoar ou de pedir perdão por algo.
Da mesma
forma como tanta gente contrai dívidas e em nada as assume, parece aumentar o
número de devedores de grandes dívidas, mas, que se revela meticuloso na
cobrança detalhada das pequenas quantias que outras pessoas estão devendo. É
parecida com aquela regra de muitas crianças pequenas: “tudo quero e nada dou”.
No entanto,
quando uma dívida grande é perdoada, a tal ato geralmente corresponde um
sentimento de alívio. Na orientação que Jesus dava aos discípulos (cf. Lc
7,36-50), ele os ajudava a entender que alguém perdoado em grande dívida,
deveria produzir muito mais amor do que alguém perdoado em dívida de pequenas
proporções.
Na parábola
contada por Jesus, alguém perdoado por uma grande dívida, mostrou-se pouco
acolhedor à chegada de quem merecia muita consideração. Mas, também salientou
que outra pessoa, publicamente condenada e discriminada por atos de
prostituição, ao se sentir perdoada por Jesus, demonstrou extraordinário amor
e, de tão contrita que se sentia diante do que fizera na vida, lavava os pés de
Jesus com suas lágrimas e os enxugava com os cabelos.
Os que
observavam a cena logo se meteram a julgar e a incriminar Jesus porque ele não
poderia perdoar uma situação como a daquela mulher. Na verdade, Jesus
certamente quis destacar que, qualquer um daqueles discípulos, já tinha
aprontado muitas coisas merecedoras de grande perdão por parte de Deus e que,
apesar disso, eles não produziam sinais de amor e de bem-querer. Diante do imensurável
perdão de Deus, os discípulos, ao invés de produzirem sinais de compaixão e
crescente capacidade de amar, somente focavam a cobrança dos mínimos detalhes
dos erros alheios.
Quando
alguém não tem consciência de contrição diante de algo que praticou ou deixou
de fazer, provavelmente não mudará em nada a sua vida para ser melhor, porque
irá conformar-se com os hábitos e praxes do que vem fazendo. Tampouco sentirá
necessidade de ser mais respeitoso e humanitário porque esta perspectiva sequer
aparece no horizonte dos projetos.
O amor de
uma pessoa pecadora carece da experiência de que outro amor maior a perdoa. Por
isso, mais do que observar regras, importa transcender-se!
Nenhum comentário:
Postar um comentário