A imagem de
Tomé é talvez a que mais se aproxima da identificação do nosso momento
religioso. Assim como a comunidade primitiva do cristianismo, especialmente da
segunda geração de cristãos, desejamos conhecer o ressuscitado. Prendemos o
foco naquele que pode salvar, mas, não reparamos o testemunho Dele, que é dado
pelas pessoas de fé e prática religiosa que estão ao nosso redor.
Nem sempre
os sinais são os melhores naquilo que as outras pessoas de fé nos irradiam, no
entanto, tendemos a esperar que elas deem primeiramente provas convincentes,
para depois, e com cautela, seguirmos seus passos ou exemplos.
Um dos dados
mais evidentes da Páscoa de Jesus Cristo é o de que Ele não deveria ser
procurado onde não se encontra: no meio dos mortos! É na comunidade de fé que Ele
assegurou presença salvadora, em muitas ocasiões antes de ser crucificado. Como
Tomé, manifestamos nossa incredulidade diante do que se explicita nas pessoas
que fazem acontecer uma comunidade cristã. Assim, demoramos muito tempo para
admitir que o ressuscitado possa estar vivo, e, facilmente o procuramos onde
nunca será encontrado. Esperamos provas, e que sejam muito persuasivas e
convincentes.
Tomé
representa um itinerário bonito de quem participa das celebrações eucarísticas,
pois, se num momento esperava provas do ressuscitado, em outro, revela seu
amadurecimento na fé e faz uma profunda profissão de fé. Sinal de que as
celebrações amadureceram sua capacidade de crer no Cristo ressuscitado. Se o
evangelista São João salientou este aspecto importante em sua reflexão
teológica, certamente desejava animar a vida das comunidades a quem escreveu
seu evangelho (Jo 20,19-31). Da mesma forma, pode ajudar-nos, em nossos dias, a
nos dar conta de que na participação das celebrações eucarísticas o processo
pessoal de Tomé passa do nível de fé de exigir provas, para a experiência que
decorre do quanto Jesus fez e falou antes de ser morto.
Por
conseguinte, já não se requer como primeira condição a prova para depois crer.
É crendo na palavra que se chega a experimentar que ele é “meu Senhor”, ou
seja, aquele que redime. Tal experiência provavelmente não ocorre nas formas
intimistas, meramente devocionais e de fanatizada busca de milagres. Na participação
da comunidade podem alargar-se os grandes sinais da profissão de fé, que
amadurecem para uma definição pessoal como a de Tomé.
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