Proscritos
desde os tempos modernos, tanto a humildade quanto a obediência, não desfruta
de boa consideração, porque se valoriza precisamente o contrário: ser cada dia
mais autônomo, determinado e objetivo na perseguição dos sonhos, metas e
desejos.
Em tempos
antigos e medievais dava-se particular ênfase à condição de humildade para
poder ser obediente aos planos de Deus, geralmente interpretados no agir das
autoridades constituídas, civis ou religiosas, pois se entendia que um dos
melhores caminhos para aproximação de Deus, se manifestava sob a docilidade da
obediência.
Alguém
incapaz de ser humilde e obediente era visto como incapaz de acolher a Deus,
porque o orgulho levava à desarmonia, pois, levava as pessoas a se colocarem no
lugar de Deus.
Hoje não
queremos sugerir uma obediência cega e passiva a pessoas constituídas em
dignidade de poder, mas, uma capacidade de “escutar” e “auscultar” para que o
melhor plano de Deus possa viabilizar-se. Significa, portanto, um ato de
responsabilidade diante do que se pode fazer. Assim, não significa estimular a
desistência de capacidade de ação e colocar-se num servilismo dependente.
A entrada da
celebração da festa de Páscoa nos remete ao que os evangelhos destacam de forma
muito especial: a morte de Jesus não foi um ato compensatório de Deus, que o
deixou morrer a fim de expiar nossas faltas e fraquezas. Jesus teve consciência
dos fatos e dos interesses que o encurralavam para a morte. Por isso, ao invés
de fracasso ou de vitimalismo diante de Deus, Ele representa um caminho de
abertura para Deus, sobretudo pelo modo como viveu, ensinou e fez. Foi uma
culminância do que tanto manifestou como sinal de Deus presente na vida humana.
A morte de
Jesus Cristo não foi causada nem por sadismo de Deus, mas, significa a elevação
do que fez progressiva e paulatinamente em maior amplitude na vida. Basta
lembrar que os piores adversários eram políticos e religiosos, do mesmo jeito
como muitos políticos e religiosos tramam contra quem aponta um caminho diferente
do que aquele traçado pelos seus planos presunçosos.
Nossos dias
carecem de pessoas humildes que conseguem abrir espaço para Deus e escutar que
nem toda autossuficiência, nem toda autodeterminação ajudam as pessoas a
conviver melhor e de forma mais digna. O orgulho e a negação de uma vida mais
fraterna e justa continuam a matar aos milhões em nosso planeta, que poderia
ser uma boa casa comum para todos serem mais felizes.
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