Um ditado
popular, que seguidamente se escuta, é que “Deus não mata, mas castiga, ou
achata”, especialmente, quando se julga alguém por maldades praticadas e lhe
acontece alguma fatalidade ou doença inesperada.
Moisés teria
todas as merecidas condições para sentir-se bem castigado pelo que já tinha feito,
envolvendo até mesmo uma prática de homicídio. Mesmo assim, percebe numa
experiência hierofânica, diante das labaredas de um fogo, que Deus é presença
bondosa e de diálogo. Deus não aparecera a Moisés nem para vingança, nem para
condenação, mas, para convocá-lo em vista de uma realidade já experimentada por
Abraão: uma presença animadora para a construção positiva de um caminho
humano redentor (cf. Ex 3, 1-8.13-15).
Moisés experimentou que Deus é alguém que dá
dinamismo à ação e não alguém que é voraz, que mata e que se vinga. Assim,
Moisés sentiu Deus como justo e, ao mesmo tempo, como fiel para acompanhá-lo no
caminho da vida.
Ainda hoje, quando ocorrem catástrofes,
acidentes ou outras fatalidades, com pessoas culpadas ou não, tende-se a
deduzir que foi castigo de Deus. Jesus ao ser interpelado, sobre o que teria
justificado uma grande matança de galileus, por parte de Pilatos, exatamente
quando ia prestar culto a Deus no Templo, respondeu que não se tratava nem de
castigo e nem de justificação. Mas, a interpelação daquele fato, constituía um
convite incisivo a uma conversão para se evitar que tal tipo de procedimentos
humanos viesse a repetir-se.
Aquelas vítimas não eram nem mais e nem menos
pecadoras do que as demais pessoas e, mesmo aquelas que interpelavam Jesus
Cristo, mas, algo similar também poderia acontecer, a qualquer hora, sem uma
mudança no modo de estabelecer interações humanas.
No alerta de Jesus estava igualmente
uma dedução de que era muito importante produzir frutos de qualidade humana
para melhor entendimento entre as pessoas. Pois a árvore infrutífera, em algum
momento, poderia ser cortada.
Portanto, mais do que estática pertença a grupos
puritanos e de piedades exotéricas, sob a atribuição de já redimidos e salvos,
ainda convém um necessário processo depurativo do modo de ser, a fim de que a
misericórdia de Deus se revele. Existe uma esterilidade pior do que a reprodutiva que faz com que uma vida valiosa se torne improdutiva e estéril.
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