terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Carnaval e cinzas



Depois de estimular a extrapolação das medidas,
E de apontar ruptura das convenções comedidas,
Além de tolerar na ousadia da nudez ostentada,
O preceito é normalidade da sociedade recatada.

Dada a liberdade para desconsiderar os limites,
Volta-se aos casuísticos e moralizantes palpites,
Dos condenadores da alegria do povão relegado,
E para reatar o rigor exigido pelo poder sagrado.

Nas cinzas repete-se um velho ciclo depurador,
Para o retorno ao estado da bondade anterior,
Que arrosta todo procedimento vil e indecente,
E deixa todo abusado pecador muito contente.

Sabe que no próximo ano poderá quebrar a eira,
Abusar de si e de outros e retornar à paz fagueira,
Provinda da excelsa misericórdia de fonte divina,
E que permite voltar ao cotidiano de vida cretina.

Ao se repetir velho ciclo de afirmação e negação,
Reencarna-se o vício de evidente procrastinação,
Que antevê diante da extrapolação dos preceitos,
A anulação mágica das extravagâncias e defeitos.

Basta cinza sobre a testa e ar sombrio que espanta,
O peso dos excessos que na motivação desencanta,
Para renovar sentimentos de culpa pelos desvarios,
E se evadir dos pesos como folhas a sumir nos rios.







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