segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Aspirantes à vida principesca



Advindos de ambientes pobres e sofridos,
Querem romper com mundos denegridos,
E inebriar-se no idealizado extrato clerical,
Para finalmente vivenciar leveza angelical.

Nada afoitos ao trabalho duro de cada dia,
Aprendem as artimanhas da fina galhardia,
Para bajular e fruir do encantado privilégio,
De se deixar servir no principesco sortilégio.

Viajam para os lugares turísticos e sagrados,
E sabem os detalhes das roupas dos agrados,
Para desfrutar do medieval gosto imagético,
E, através dele, exaltar-se de modo patético.

Gostam da opulência das mesas fartas e finas,
E ocupam-se de conversas balofas e cretinas,
Sem visão crítica e sem postura de coerência,
E, sem quaisquer inquietações pela decência.

Desprovidos do valor das ancestrais raízes,
Dissimulam nas nobres e elevadas matizes,
A busca de vida fácil, eminente e dantesca,
Própria da desprezível nobreza principesca.

Encontram no perfil da tendência integrista,
O fácil caminho da pregação sensacionalista,
Para se auto-adorarem em panos e adornos,
E inebriar-se no fumeiro de seus contornos.

Mares de distância os separam do profetismo,
Mas encantados com detalhes de moralismo,
Pregam arrogantes uma vergastada tradição,
Sem Cristologia e sem humana emancipação.

Mapeiam os seus dias nas ocupações fúteis,
E, insensíveis à origem dos proventos úteis,
Mergulham na megalomania de grandeza,
Sem competência e sem humilde presteza.















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