sexta-feira, 20 de setembro de 2013

DOS OLHOS AOS OLHARES

Os olhos, penetrantes nas rápidas focagens,
Chegam aos meandros escondidos do coração,
Reviram suas múltiplas linguagens,
E, ao mesmo tempo, lhes fazem interpelação.

Ante as repulsas e os fascínios,
Os olhos freiam a atenção;
E no socorro aos raciocínios,
Impelem para variada ação.

Ao captarem dos outros olhares as cores,
Apelam ao cérebro, pelo júri da decisão;
E como num jardim de muitas flores,
Explicitam logo sua particular predileção.

Enquanto os neurônios ao cérebro entregam,
Os comunicados da nova opção;
Nele, já outros processos navegam,
Para caminhos de integração.

Dos sentimentos passados e fruídos,
Os olhos são memória e expressão:
Ou os tornam mais aguerridos,
Ou levam a romper a comunicação.

Do insondável mundo interior,
Os olhos revelam ampla informação,
Que vai da mágoa ao fervor,
E do ódio até a compaixão.

Sensíveis às sutis manifestações,
Da ternura e da provocação,
Inveja e tantas negativas sensações,
Os olhos vencem pela doçura, toda a incompreensão.

Do carinho à indignação,
E do orgulho à clemência,
Captam os olhos a sutil distinção,
Para reações serenas ou de irreverência.

Sensíveis e capazes de manifestar dó
Renovam-se para transluzir fortaleza,
E ajudar a quem se sente demasiadamente só,
A descobrir, na solidariedade, a fonte da riqueza.

Os olhos irradiam fantásticas capacidades,
De despertar, nos outros vagos olhares,
As fenomenais potencialidades,
Articuladoras de novos patamares.

Como calmantes que aliviam a dor,
Os olhos despertam novos sentimentos,
Para reativar os anticorpos do vigor,
Rumo ao alcance de inovadores portentos.

No horizonte da empatia humanitária,
Soltam os olhos a força da sabedoria,
E causam o milagre da luz planetária,
Que tira das dores a revitalização da alegria.

Gestores dos mais nobres sentimentos,
Os olhos, quando direcionados para a transcendência,
Ultrapassam os mais elevados discernimentos,
Para uma vida de mais digna excelência.

Umedecidos pelas lágrimas da ecologia,
Junto com o fervilhar da vida abundante,
Refletem os olhos a maestria,
Do milagre da natureza circundante.

Dotados de dinâmica força magnética,
Os olhos atraem para a intimidade;
Alargam-se, todavia, com mais força energética,
Quando produzem frutos de vitalidade.

Na irradiação do discernimento,
Os olhos são pioneiros nas descobertas,
Capazes de diminuir o sofrimento,
E deixar disponíveis à vida, outras portas abertas.

Os olhos ainda são dotados do poder de quebrar censuras,
E de aprofundar conhecimento e virtude;
São, também, agraciados com o poder de selecionar as doçuras,
Que enlevam a condição humana à maior plenitude.

Como memória das humanas ações,
Os olhos edificam a grandeza dos serviços sociais,
Mas, também revelam a crítica das frustradas intuições,
Para transcender as contradições paradoxais.

Ao lado das mil grandezas refletidas nos olhares,
Aparecem, neles, as evidências sintomáticas,
Da vida social, pessoal e dos lares,
Ou das histerias e das posturas lunáticas.

Enquanto alguns olhares se expressam fugazes,
Racistas, impávidos e inflexíveis,
Outros se mostram ameaçadores, fanáticos e vorazes,
Provocativos, falsos e indefiníveis.

Do visual não escapam os olhares claudicantes,
Ou amorosos, cordiais e compassivos;
Mas, outros também são indecisos, frouxos e mendicantes,
Bem como, tímidos, medrosos e apreensivos.

Misturados aos olhares perspicazes e gentis,
Aparecem os puritanos e escrupulosos,
Mas, igualmente, os translúcidos e infantis,
Que nos enchem de sentimentos prazerosos.

Enfim, não escapam nos olhares os que são dramáticos,
Doentes, ambíguos e originais;
E, ainda os que são meigos, modestos e emblemáticos,
Para enaltecer as belezas genuínas e angelicais.

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