O bispo Nicolau das sacolas,
Com suas lenhas e esmolas,
Nas noites escuras e gélidas,
Visitava pessoas famélicas.
Para ninguém morrer de frio,
Nem de fome em lar sombrio,
O santo enrolado em pelegos,
Fazia humanitários chamegos.
Da imagem associada ao natal,
Deste Cristo Jesus nada triunfal,
Reconheceu-se o despojamento,
Advindo como um divino alento.
Nos séculos de história natalina,
Acionou-se a melhor adrenalina,
Para prática dos gestos de Cristo,
Com o proceder muito benquisto.
No cultivo do desejo consumista,
Abriu-se uma moderna conquista:
De mudar o aniversário do Cristo,
Para firmar um estranho malvisto.
Anônimo, escondido na máscara,
Alimenta larga consciência avara,
Para justificar inaudito consumo,
Sem perpetrar solidário aprumo.
Quando o natal roubado de Cristo,
Não lembra seu mundo benquisto,
O esvaziamento do seu memorial,
Produz a festa dum vazio triunfal.
Bom para viciar criança bem nutrida,
Empanturra-la com coisa imerecida,
Leva a adorar o deus da comilança,
Dum imaginário pobre de bonança.
A estimulação de ofertar presentes,
Já não lembra as pessoas carentes,
Mas as da etiqueta de esnobação,
Para esnobar uma rica ostentação.
Sem demora, a festa de Papai Noel,
Vai mobilizar todo humano vergel,
Para que velhinho bem disfarçado,
Exerça simulacro de deus adorado.
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