sábado, 28 de dezembro de 2024

O CAÇADOR DE PEDRAS PRECIOSAS


 

            Com a ambição cultivada de ficar rico com venda de pedras preciosas, as conversas sobre velhos que esconderam algum tesouro começaram a despertar curiosos e interessados.

            Na beira do Rio Morocó, em Santa Rita do Trivelato, no Mato Grosso, a vizinhança lembrava o velho Tomé e dizia-se que ele tinha enterrado uma panela de barro com pedras preciosas e muito ouro.

            As conversas foram criando enredos e, de repente o neto do velho Tomé começou a sonhar com o possível acesso às supostas preciosidades enterradas. Os vizinhos, pensando em poder haurir, pelo menos uma pequena partilha do eventual achado, animaram o neto, apelidado de Fiuca, a fazer uma sondagem. Comentaram que o Pedro Mané havia adquirido um sensor para localizar pedras preciosas.

            Fiuca foi até Pedro Mané para pedir-lhe uma verificação de possíveis minérios de valor, e, este como andava vibrante com a possibilidade de também ficar muito rico, combinou para ir lá, no dia seguinte.

            Assim que o sol começou a despontar, estavam ali, Fiuca e alguns vizinhos, esperando Pedro Mané. Sem demora, apareceu numa velha Kombi e a encostou no pátio, ao lado do velho galpão. Escancarou as portas da Kombi e puxou para fora aquele trambolho cheio de fios e aparentando algo bem sofisticado e misterioso. Não andou três metros e aquele aparelho começou a emitir sinais com sons estranhos e luzinhas vermelhas piscando. Na medida que chegou mais perto do velho galpão, estes sinais passaram a aumentar de intensidade e o nível mais alto se manifestava ao redor do poste de aroeira, com mais de um metro de grossura, e, alguém já sugeriu que deve ter sido ali, ao lado do cepo, que o velho enterrou sua panela. A expectativa tornou-se animadora e vibrante.

            Entusiasmados, começaram a escavar com picareta e enxadão, mas, depois de mais de duas horas, já estavam cansados e resolveram chamar o homem da retroescavadeira. Veio rápido e começou a alargar a cova e a aprofundá-la até o limite possível de três metros de profundidade. Muita terra removida, ciscada, e observada por muitos olhos, que nada identificaram além do normal daquele solo. O homem da sonda, a cada pouco acionava seu aparelho e este aumentava os sinais na medida que se aproximava do poste.

            Mais uma vez, uma voz de opinião elucidativa de outro vizinho despertou os ânimos. Achou que o velho deveria ter enterrado o ouro dentro do cepo. Resolveram escorar o galpão e extrair o cepo, pensando que ali deveria estar a fonte da riqueza, mas, nada foi constatado, mesmo com o cepo cortado em pequenas porções com motosserra. No entanto, no lugar do poste, no alto da imensa cova é que o sensor emitia sinais mais intensos e fortes.

            Foi então que um terceiro vizinho, curioso e desconfiado, entrou dentro do galpão para verificar se a suposta pipeta de preciosidades não estivesse escondida, bem no cantinho do galpão. Ao chegar ali, viu um tonel velho, quase cheio de cacarecos de ferro e ferramentas estragadas. Trouxeram o aparelho de sondagem e verificaram, - decepcionados, - que o sinalizador de metais reagiu frente a poucos pedaços de cobre que estavam no meio do ferro velho jogado no tambor. Além do desencanto, restou fechar a imensa cratera, arrumar outro cepo e custear as despesas de sondagem e serviço de máquina escavadeira.

            O sonho grande, alargado com fantasia exuberante, renderia apenas alguns reais em cobre. Assim, seguiu-se silêncio sobre riqueza fácil na beira do Rio Morocó. Fiuca, prostrado, teve que engolir seco o acalantado sonho de ficar rico com histórias contadas sobre seu avô.

 

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