No caminho da fé podem ser escolhidos
distintos modos de proceder: o da humildade e da justiça, por um lado, e o da
maldade e impiedade, por outro são duas perspectivas bastante comuns. Em muitas
pessoas estes caminhos se misturam e se confundem.
Do memorial de Cristo temos um modelo
destacado de quem pautou sua vida pela humildade e pela justiça. Mas, em tempos
anteriores a Jesus Cristo, sobretudo na experiência dos judeus expatriados, já
surgiram observações a respeito de pessoas que são agressivas, despóticas e
insensíveis e tudo fazem para alcançar seus interesses egoísticos. Ofendem,
caluniam, perseguem e desrespeitam literalmente a condição alheia; e, no frio
calculismo de satisfazer sua própria glória e suas vantagens, debocham dos que
são retos e honestos.
O surgimento de tensões, motivadas
por causa de diferenças de etnia, de modos de falar, ou de distintas
características regionais ou religiosas, também revela que existem pessoas que
extrapolam o elementar respeito aos demais, e, além de se aproveitarem delas,
zombam dos seus procedimentos e de suas expectativas religiosas.
Se para estas pessoas não é comum
admitir que possam mudar de mentalidade, também não é fácil aos que se pensam
bons, mas ficam presos a determinados modos de pensar a retidão e a justiça.
No evangelho de Marcos (9,30-37)
narra-se que até mesmo os discípulos, que já tinham aprendido muitas lições de
vida no acompanhamento de Jesus Cristo, sentiam enorme dificuldade para
entender a orientação de Jesus Cristo a respeito da humildade e da justiça.
Sentiam-se propensos para a ambição e a presunção por cargos de boa renda e de
muita fama. Muitos deles parecem ter estado obcecados por poder e se sentiam
muito relutantes na aceitação de que o caminho da humildade e retidão implicasse
até mesmo na capacidade de assimilar sofrimentos.
Como alguns dos discípulos de Cristo,
vemos em nossos dias, procedimentos muito similares de interesseiros por fama e
poder. E quanto ódio e sofrimento são imputados a outras pessoas, através de
procedimentos arrogantes em nossas comunidades católicas.
Nossas comunidades querem
constituir-se num bom caminho de sacramentalidade da aproximação ao modo de ser
de Jesus Cristo. Na prática, porém, muitos estão ali obcecados por ascensão e
poder e acham muito desconfortável o apelo de Cristo de que o caminho é o do
serviço aos fracos e marginalizados. O fascínio para ser o maior e o melhor
parece realmente estranho ao caminho do serviço. Por isso, como os
“cabeças-duras” do tempo de Cristo, muitos não apreciam a proposta de Cristo em
nossos dias.
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