quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Lamúria



Enquanto corriam soltas as propinas,
Com os ares de felicidade nas sinas,
Tão poucos reclamavam da sorte,
Do silencioso de traiçoeiro aporte.

Agora, o ar que se respira é queixoso,
E toda fala se reveste do lamentoso,
Pois, a reparação do mórbido desvio,
Desperta prostração de raro arrepio.

Na síndrome dos ingênuos honestos,
Já sem moral para efetivos protestos,
Vai-se a eira da aquilatada corrupção,
Para reatar a luz da política condição.

Velhas mentiras se tornaram evidentes,
Para tirar o ar misterioso dos videntes,
E escancararam o discurso resfolegado,
Tão inepto para gestar um novo legado.

Do ressentimento autopunitivo de culpa,
Eclode uma vertiginosa e larga desculpa,
Para evadir-se de merecida incriminação,
Do amargo preço de uma nova direção.

Escancarada a crise do modelo renitente,
 De melífluo e loquaz discurso indecente,
Espera-se um controle de procedimento,
Para desviar dos outros o deslocamento.






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