Eucaristia – sinal de
outra realidade
Para os
cristãos que veem na eucaristia a centralidade do sinal sacramental que remete
a uma realidade maior do amor manifestado por Deus, em Jesus Cristo, resta
ainda outra interpelação importante: comungar Jesus Cristo não significa ser
antropofágico no sentido de se deleitar em comer carne humana, mas, significa
envolver-se no amor que Deus manifestou em Jesus Cristo.
A expressão
usada pelo evangelista S. João, de “comer a carne de Jesus” tinha em vista a
capacidade de impregnar-se do modo de ser de Jesus Cristo. O significado de
“carne”, nos primeiros tempos da Igreja católica, deixava a conotação de que a condição
humana era de existência frágil e mortal. Assumir, nesta condição, o itinerário
de Jesus, requeria a memória do que Jesus fez, especialmente, na sua ceia de
despedida.
Da grande
síntese daquela ceia de despedida, estava presumido não apenas o pão daquele
momento, mas, também a sábia recordação de avivar a aliança e a sabedoria do
serviço que Deus explicitou à condição humana. Assimilar todo este envolvimento
amoroso equivale a “comer e beber o corpo e o sangue”. A celebração, portanto, constitui
o momento em que nos impregnamos desta grandeza de Deus para as lidas
cotidianas.
A mera
participação numa celebração ainda não significa adesão a Jesus como enviado de
Deus: requer uma decisão para participar do seu caminho e o necessário empenho
para que este modo de ser entre na vida.
Restringir a
vida à mera opção pela “carne” ou ficar limitado e amarrado aos próprios
limites, não permite perceber o sentido do crer em Jesus. Por isso, o apelo ao “espírito”
equivale a deixar-se conduzir pelas orientações de Jesus Cristo.
Se para
muita gente a Eucaristia é um ato banal de simplesmente comer a hóstia, ou o
pãozinho, isto ainda não a insere no caminho do amor de Deus. Tampouco será
este ato exterior que dará força e alento para as dificuldades cotidianas
quando está desprovido do espírito de Jesus Cristo, de quem esperamos sentir o
envolvimento do amor de Deus.
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