quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Forças para as horas difíceis



Mais cedo ou mais tarde, aparecem na vida os momentos em que a vontade não consegue juntar forças suficientes para lidar com algum fracasso pessoal ou uma predisposição para alguma doença.
Memórias antigas de êxito diante de momentos difíceis facilmente podem induzir a variadas formas de compra de afeto, diante das reincidências de sintomas similares aos que permitiram superar aquela dificuldade.
Do livro dos Reis temos uma narrativa muito interessante relativa ao profeta Elias diante de uma crise superada.  Como homem ardoroso pela causa de Deus, combateu os sacerdotes de outra religião, que entraram no país, junto com a rainha Jezabel ao se casar com o rei Acaz.
 Vitorioso na luta, não soube, todavia, lidar com o efeito do seu empenho: a rainha exigiu uma vingança. Ao ser informado da perseguição desencadeada com vistas a receber a cabeça de Elias como vingança, ele conseguiu fugir para o deserto. Já distante e livre da perseguição, Elias entrou numa crise de profundo desânimo.
No deserto não tinha água e nem comida, além de um calor quase insuportável. Sentiu, então, na sua experiência pessoal, algo similar ao que o povo dos seus antepassados havia experimentado naquele mesmo ambiente: murmúrio contra Deus e contra a própria vida. No entanto, aquele mesmo deserto havia propiciado, aos antepassados, condições suficientes de sentido para não morrerem ali.
No auge da fome, encontraram resina de tamareira e puderam fritar perdizes que caíam já sem forças, exauridas com as longas voadas. Ao mesmo tempo, foi no meio daquele deserto que o povo encontrou água para matar a sede.
Elias, nutrido pela memória ancestral, também encontrou água e pão, mas, quis acomodar-se a este quadro e ficar apenas dormindo. Entretanto, como seus ancestrais, Elias não poderia ficar sempre ali. A água e o pão (maná) dos antepassados tornaram-se meios indispensáveis para o prosseguimento da viagem em favor da sonhada terra prometida, da qual Elias havia fugido.
 Na imagem da busca do monte Horeb, onde os antigos estabeleceram as regras éticas e religiosas para a possibilidade de convivência, Elias também teria que achar as fontes dos seus antepassados para pensar muito além do deserto. E foi nesse itinerário que Elias se transformou profundamente e passou a ser uma pessoa humilde, discreta e de uma bondade contagiante que o levou a ser chamado de “homem de Deus”.
            Quando, em momentos difíceis, conseguimos voltar às raízes do nosso passado, certamente, como Elias também nós podemos encontrar um processo de conversão que muda os rumos da vida para mais qualidade!


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