quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Assunção da Igreja



         Uma das grandes festas católicas, a da Assunção de Nossa Senhora, tem a capacidade de nos remeter à centralidade da nossa esperança cristã: a de que, no discipulado de Jesus Cristo, nossa vida pode elevar-se, e atingir a plenitude que se manifestou na vida de Maria, mãe de Jesus. Este grande e belo sonho, não constitui mero efeito de desejo mágico e de aceitação passiva do que Maria pode fazer por nós, pois, pela celebração da festa, nós é que nos sentimos incitados a elevar-nos acima da mediocridade de uma vida sem muita graça.
            Tanto quanto uma interpelação para a ascensão pessoal, a festa da assunção representa, também, uma perspectiva de redenção da Igreja, porquanto a comunidade cristã é convidada a vivenciar o protótipo do estilo de vida de Maria. Não foi rainha, não foi deusa poderosa, nem mito de beleza, nem dama da precedência: foi humilde, serviçal e mais aberta à vida das outras pessoas do que à sua própria vida.
            Enquanto muitas forças agiam no caminho contrário ao proposto por Cristo, Maria apostou no projeto do seu filho e por isso salienta de maneira proeminente a capacidade de serviço sobre a da honra e da precedência diante dos outros. O que a engrandeceu, foi, certamente, seu testemunho nas primeiras comunidades cristãs. Este dado é que nos convida a algo similar em nossos dias.
            Como nos tempos difíceis das primeiras décadas do cristianismo, o dragão, imagem usada para simbolizar a força perversa e destruidora dos imperialismos, especialmente o romano, foi reconhecido como poderoso, mas, não como absoluto. Ainda que tenha derrubado um terço das estrelas (dizimado cerca de um terço dos cristãos), dos dois terços sobrantes, poderiam resultar em muita luz para iluminar os céus!

            Hoje, quando o dragão do consumismo induzido, - para saciar a ambição inescrupulosa de riqueza de poucos, - passa por cima de multidões humanas para deixá-las invisíveis e inexistentes aos olhos da ambição, vemos estupefatos, que aludidos bons governantes estão envolvidos em corrupção que envergonha a nossa condição humana. Como as comunidades primitivas, vítimas da prepotência imperial, souberam fortalecer-se na esperança em tempos extremamente difíceis, também nós sonhamos com uma realidade de céu, com o intuito de nos tornar capazes de agir positivamente na sociedade, a fim de que o dragão não venha a engolir todas as estrelas, e, que seu poder se esvaneça diante da elevação da qualidade de vida humana. 

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