Uma das grandes festas católicas, a
da Assunção de Nossa Senhora, tem a capacidade de nos remeter à centralidade da
nossa esperança cristã: a de que, no discipulado de Jesus Cristo, nossa vida
pode elevar-se, e atingir a plenitude que se manifestou na vida de Maria, mãe
de Jesus. Este grande e belo sonho, não constitui mero efeito de desejo mágico
e de aceitação passiva do que Maria pode fazer por nós, pois, pela celebração
da festa, nós é que nos sentimos incitados a elevar-nos acima da mediocridade
de uma vida sem muita graça.
Tanto quanto
uma interpelação para a ascensão pessoal, a festa da assunção representa,
também, uma perspectiva de redenção da Igreja, porquanto a comunidade cristã é
convidada a vivenciar o protótipo do estilo de vida de Maria. Não foi rainha,
não foi deusa poderosa, nem mito de beleza, nem dama da precedência: foi
humilde, serviçal e mais aberta à vida das outras pessoas do que à sua própria vida.
Enquanto
muitas forças agiam no caminho contrário ao proposto por Cristo, Maria apostou
no projeto do seu filho e por isso salienta de maneira proeminente a capacidade
de serviço sobre a da honra e da precedência diante dos outros. O que a
engrandeceu, foi, certamente, seu testemunho nas primeiras comunidades cristãs.
Este dado é que nos convida a algo similar em nossos dias.
Como nos
tempos difíceis das primeiras décadas do cristianismo, o dragão, imagem usada
para simbolizar a força perversa e destruidora dos imperialismos, especialmente
o romano, foi reconhecido como poderoso, mas, não como absoluto. Ainda que
tenha derrubado um terço das estrelas (dizimado cerca de um terço dos
cristãos), dos dois terços sobrantes, poderiam resultar em muita luz para
iluminar os céus!
Hoje, quando
o dragão do consumismo induzido, - para saciar a ambição inescrupulosa de
riqueza de poucos, - passa por cima de multidões humanas para deixá-las invisíveis
e inexistentes aos olhos da ambição, vemos estupefatos, que aludidos bons
governantes estão envolvidos em corrupção que envergonha a nossa condição
humana. Como as comunidades primitivas, vítimas da prepotência imperial,
souberam fortalecer-se na esperança em tempos extremamente difíceis, também nós
sonhamos com uma realidade de céu, com o intuito de nos tornar capazes de agir
positivamente na sociedade, a fim de que o dragão não venha a engolir todas as
estrelas, e, que seu poder se esvaneça diante da elevação da qualidade de vida
humana.
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