Em muitos momentos da vida, o simples
gesto de um toque de mão, nos ombros ou na cabeça, fala muito mais do que
longas e grandiloquentes conversas. Ao lado do poder terapêutico, o gesto,
quando acompanhado por motivações de fé, certamente se torna mais contagiante
para uma merecida reação de confiança.
Nos muitos apelos a milagres, nem
sempre subjaz real desejo de mudança de vida. Por isso, facilmente se pede ação
imediata e mágica, mas, se rejeita qualquer possível hipótese de conversão que possa
implicar em processo de paulatina melhoria de vida e de saúde.
O discurso religioso de nossos dias
deixa evidente que muitas pessoas vinculadas à religião, não são
necessariamente pessoas de fé em Jesus Cristo. Sua falta de fé fica especialmente
notória pelo rigorismo de certos ritos e o moralismo petulante de pretender
dirigir a vida dos outros.
Nas narrativas do evangelista Marcos
(5,21-43) sobre a incredulidade dos discípulos e sua nítida falta de confiança
em Jesus, descreve-se um episódio de uma mulher, que, sofrendo de uma
hemorragia, mas, movida por efetiva confiança de que Jesus tinha poder de
curá-la, valeu-se até de um procedimento aparentemente ilícito de tocar às
escondidas na sua túnica, porquanto via nisso o suficiente para despertar um
processo de cura. Jesus, ao perceber o gesto, declarou com bondade que a fé
estava salvando esta mulher. Enquanto os discípulos preferiram justificar o
anonimato da multidão, e ignorar o gesto da mulher, que via em Cristo um
caminho de acesso a Deus, Jesus mostrou-se atencioso com esta mulher. Segue-se
logo outro episódio: um homem, chamado Jairo, também revela confiança em Jesus,
pois, mesmo na situação de uma grande perda, estava velando sua filha morta.
Estabeleceu-se, imediatamente, outro gesto marcante de Cristo, pois, a
confiança de Jairo recebe atenção, enquanto que os demais, sem confiança, nada
constataram porque eram incrédulos.
Afinal, o que seria possível de ser
feito diante de incrédulos? Jesus mandou-os para longe, pois, a revelação de
Deus, tampouco seria reconhecida por eles. Como no gesto efetuado diante da
sogra de Pedro, Jesus, através de um toque, fez a moça levantar-se. Se os
afamados homens de Deus, muito conceituados desde séculos, Elias e Eliseu,
teriam reavivado pessoas consideradas mortas através de uma série de rituais,
Jesus, na maior simplicidade e com apenas um toque de mão, mostrou eficácia
maior da parte de Deus do que os antigos profetas de Deus.
Se Deus nos interpela para a vida e
não para a morte, a confiança em Jesus certamente constitui caminho mais eficaz
do que o da incredulidade. Também o toque pode ser mais eficiente do que muitos
gritos, berros, controles autoritários e exorcismos.
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