quarta-feira, 24 de junho de 2015

Um toque em favor da vida



Em muitos momentos da vida, o simples gesto de um toque de mão, nos ombros ou na cabeça, fala muito mais do que longas e grandiloquentes conversas. Ao lado do poder terapêutico, o gesto, quando acompanhado por motivações de fé, certamente se torna mais contagiante para uma merecida reação de confiança.
Nos muitos apelos a milagres, nem sempre subjaz real desejo de mudança de vida. Por isso, facilmente se pede ação imediata e mágica, mas, se rejeita qualquer possível hipótese de conversão que possa implicar em processo de paulatina melhoria de vida e de saúde.
O discurso religioso de nossos dias deixa evidente que muitas pessoas vinculadas à religião, não são necessariamente pessoas de fé em Jesus Cristo. Sua falta de fé fica especialmente notória pelo rigorismo de certos ritos e o moralismo petulante de pretender dirigir a vida dos outros.
Nas narrativas do evangelista Marcos (5,21-43) sobre a incredulidade dos discípulos e sua nítida falta de confiança em Jesus, descreve-se um episódio de uma mulher, que, sofrendo de uma hemorragia, mas, movida por efetiva confiança de que Jesus tinha poder de curá-la, valeu-se até de um procedimento aparentemente ilícito de tocar às escondidas na sua túnica, porquanto via nisso o suficiente para despertar um processo de cura. Jesus, ao perceber o gesto, declarou com bondade que a fé estava salvando esta mulher. Enquanto os discípulos preferiram justificar o anonimato da multidão, e ignorar o gesto da mulher, que via em Cristo um caminho de acesso a Deus, Jesus mostrou-se atencioso com esta mulher. Segue-se logo outro episódio: um homem, chamado Jairo, também revela confiança em Jesus, pois, mesmo na situação de uma grande perda, estava velando sua filha morta. Estabeleceu-se, imediatamente, outro gesto marcante de Cristo, pois, a confiança de Jairo recebe atenção, enquanto que os demais, sem confiança, nada constataram porque eram incrédulos.
Afinal, o que seria possível de ser feito diante de incrédulos? Jesus mandou-os para longe, pois, a revelação de Deus, tampouco seria reconhecida por eles. Como no gesto efetuado diante da sogra de Pedro, Jesus, através de um toque, fez a moça levantar-se. Se os afamados homens de Deus, muito conceituados desde séculos, Elias e Eliseu, teriam reavivado pessoas consideradas mortas através de uma série de rituais, Jesus, na maior simplicidade e com apenas um toque de mão, mostrou eficácia maior da parte de Deus do que os antigos profetas de Deus.

Se Deus nos interpela para a vida e não para a morte, a confiança em Jesus certamente constitui caminho mais eficaz do que o da incredulidade. Também o toque pode ser mais eficiente do que muitos gritos, berros, controles autoritários e exorcismos.

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