Nosso tempo está marcado por uma
obsessão compulsiva por resultados e espera-se que estes sejam imediatos. O
hábito da comunicação rápida e instantânea leva ao esquecimento da milenar
característica humana de um ritmo lento e vagaroso, em que tudo requeria muito
tempo para o desfecho.
Basta lembrar os ciclos de espera em
torno do plantio de lavouras: primeiro a preparação do solo, depois a
semeadura; depois a longa espera para ver o nascimento das sementes; adiante, mais
outra longa fase de acompanhamento atencioso em torno do desabrochar e
posterior desenvolvimento das plantas, para enfim, esperar o momento oportuno
da colheita e a sua conservação com vistas a assegurar alimento para mais um
ciclo de um ano.
Esta pressa de nossos dias, talvez
permita entender a forma doentia como se procura milagre, cura, e libertação
instantânea. Na expressão do “vapt e vupt”, até de Deus se espera que seja
imediatista diante dos pedidos feitos. O não atendimento imediato já é
interpretado como recusa. Por isso, mais do que as antigas formas de rituais
mágicos, hoje se explora à exaustão a cura e libertação mágica, como se Deus
estivesse ocioso à espera dos intercessores mágicos para atende-los no mesmo
instante do pedido. Na melhor hipótese pode-se esperar uma auto-sugestão de
cunho meramente subjetivo.
Jesus Cristo quando iniciava seus
discípulos sobre coisas acessíveis de Deus, não os iludiu com magia, mas,
através de comparações, lhes mostrou que os sinais e mistérios do reino de Deus
sempre envolvem um longo processo, tal como o dos discípulos que levaram uma
porção de anos para perceber que o seguimento de Cristo implicava numa
capacidade de assimilar sofrimentos e dificuldades.
A conhecida parábola do grão de
mostarda (Mc 4, 16-24) mostrou que algo similar ao da semeadura da mostrada,
era próprio do processo de conversão: a semente da experiência de Deus, no
início quase imperceptível, e, tão pequena como a semente de mostarda, possui,
no entanto, em si a virtualidade de desenvolver-se e de tornar-se arbusto capaz
de acolher pássaros. Por conseguinte, não depende somente do desejo, mas da
ação de Deus.
A historinha contada por Jesus servia
de alerta para que seus ouvintes não se firmassem numa ideologia de um Deus
ostensivo, poderoso, e de forças extraordinárias para mudar espalhafatosamente
o sistema de vida implantado em Israel e no mundo, mediante o zelo dos fariseus
e do formalismo legalista das orações exteriores daquele tempo.
Em outras palavras, convém a nós a
pergunta: quem estaria acionando o crescimento da semente? Com certeza, nem o
legalismo exterior, e, nem o pressuposto mágico de nossos dias, que na
multiplicação de palavreado de intercessão, busca uma visibilidade enganosa
para merecer o seguimento de presumidos discípulos. Mais do que popularidade e
grande adesão ao zelo espalhafatoso dos milagres, convém perceber que, quem faz
a semente crescer é Deus e não quem se considera milagreiro especial.
O importante certamente será um agir
para semear coisas boas e, se temos fé, Deus é quem faz este reino crescer e
produzir fruto, pois, pela evidência, o surgimento de frutos sempre demora a
aparecer.
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